PESQUISAR ESTE BLOG

sexta-feira, 16 de março de 2018

Enem 2012 - Questões relacionadas à Sociologia - com Gabarito

Enem 2012 - Questão 01 - Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada – em tudo isso refere-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. 
HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002. 

A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança 
a) a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional. 
b) a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. 
c) a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. 
d) a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional. 
e) o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada.

Enem 2012 - Questão 13 - Texto I 
O que vemos no país é uma espécie de espraiamento e a manifestação da agressividade através da violência. Isso se desdobra de maneira evidente na criminalidade, que está presente em todos os redutos – seja nas áreas abandonadas pelo poder público, seja na política ou no fubetol. O brasileiro não é mais violento do que outros povos, mas a fragilidade do exercício e o reconhecimento da cidadania e a ausência do Estado em vários territórios do país se impõem como um caldo de cultura no qual a agressividade e a violência fincam suas raízes. 
Entrevista com Joel Birman. A Corrupção é um crime sem rosto. IstoÉ. Edição 2099, 3 fev. 2010. 

Texto II 
Nenhuma sociedade pode sobreviver sem canalizar as pulsões e emoções do indivíduo, sem um controle muito específico de seu comportamento. Nenhum controle desse tipo é possível sem que as pessoas anteponham limitações umas às outras, e todas as limitações são convertidas, na pessoa a quem são impostas, em medo de um ou outro tipo. 
ELIAS, N. O Processo Civilizador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1993. 

Considerando-se a dinâmica do processo civilizador, tal como descrito no Texto II, o argumento do Texto I acerca da violência e agressividade na sociedade brasileira expressa a 
a) incompatibilidade entre os modos democráticos de convívio social e a presença de aparatos de controle policial. 
b) manutenção de práticas repressivas herdadas dos períodos ditatoriais sob a forma de leis e atos administrativos. 
c) inabilidade das forças militares em conter a violência decorrente das ondas migratórias nas grandes cidades brasileiras. 
d) dificuldade histórica da sociedade brasileira em institucionalizar formas de controle social compatíveis com valores democráticos. 
e) incapacidade das instituições político-legislativas em formular mecanismos de controle social específicos à realidade social brasileira.

Enem 2012 - Questão 16 - Nossa cultura lipofóbica muito contribui para a distorção da imagem corporal, gerando gordos que se veem magros e magros que se veem gordos, numa quase unanimidade de que todos se sentem ou se veem “distorcidos”. Engordamos quando somos gulosos. É pecado da gula que controla a relação do homem com a balança. Todo obeso declarou, um dia, guerra à balança. Para emagrecer é preciso fazer as pazes com a dita cuja, visando adequar-se às necessidades para as quais ela aponta. 
FREIRE, D. S. Obesidade não pode ser pré-requisito. Disponível em: http//gnt.globo.com. Acesso em: 3 abr. 2012 (adaptado). 
O texto apresenta um discurso de disciplinarização dos corpos, que tem como consequência 
a) a ampliação dos tratamentos médicos alternativos, reduzindo os gastos com remédios. 
b) a democratização do padrão de beleza, tornando-o acessível pelo esforço individual. 
c) o controle do consumo, impulsionando uma crise econômica na indústria de alimentos. 
d) a culpabilização individual, associando obesidade à fraqueza de caráter. 
e) o aumento da longevidade, resultando no crescimento populacional.

GABARITO / RESOLUÇÃO
01 - C
Segundo o texto do filósofo e sociólogo alemão Jurgen Habermas, a sociedade democrática contemporânea foi moldada historicamente por culturas dominantes que estabeleceram um padrão cultural em detrimento de minorias desprezadas. Todavia, essas minorias encontram amparo no modelo democrático ao obter espaço para a coexistência e na possibilidade de exposição de seus argumentos, estando cientes de que em uma sociedade democrática se acata a proposta escolhida pela maioria.

13 - D
O Brasil viveu grande parte de sua história sobre regimes autoritários, tanto no período colonial, como também na república. A experiência da democracia é recente e ainda não foi enraizada na sociedade, diferentemente da violência e do autoritarismo, que ainda assolam muitos locais do nosso país.

16 - D
Um comportamento sociocultural contemporâneo e maciçamente difundido pela mídia é a lipofobia, ou seja, aversão à alimentos gordurosos e pessoas acima do peso. A distorção do que é gordo ou magro, segundo o texto, é o resultado da subjetividade pessoal e que engordamos devido as nossas vontades, relacionando o “pecado da gula” à obesidade e à fraqueza de caráter.

Nenhum comentário: