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sexta-feira, 16 de março de 2018

Enem 2015 - Questões relacionadas à Filosofia - com Gabarito

Enem 2015 - Questão 03 - A crescente intelectualização e racionalização não indicam um conhecimento maior e geral das condições sob as quais vivemos. Significa a crença em que, se quiséssemos, poderíamos ter esse conhecimento a qualquer momento. Não há forças misteriosas incalculáveis; podemos dominar todas as coisas pelo cálculo. 
WEBER, M. A ciência como vocação. In: GERTH, H., MILLS, W. (Org.). Max Weber: ensaios de sociologia. Rio de Janeiro: Zahar, 1979 (adaptado). 

Tal como apresentada no texto, a proposição de Max Weber a respeito do processo de desencantamento do mundo evidencia o(a) 
a) progresso civilizatório como decorrência da expansão do industrialismo. 
b) extinção do pensamento mítico como um desdobra - mento do capitalismo. 
c) emancipação como consequência do processo de racionalização da vida. 
d) afastamento de crenças tradicionais como uma característica da modernidade. 
e) fim do monoteísmo como condição para a consolidação da ciência.

Enem 2015 - Questão 05 - Ninguém nasce mulher; torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho e o castrado que qualificam o feminino. 
BEAUVOIR, S. O segundo sexo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980. 

Na década de 1960, a proposição de Simone de Beauvoir contribuiu para estruturar um movimento social que teve como marca o(a) a) ação do Poder Judiciário para criminalizar a violência sexual. 
b) pressão do Poder Legislativo para impedir a dupla jornada de trabalho. 
c) organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero. 
d) oposição de grupos religiosos para impedir os casamentos homoafetivos. 
e) estabelecimento de políticas governamentais para promover ações afirmativas.

Enem 2015 - Questão 11 - A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição: a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário deter-nos nela e levá-la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em segundo lugar, porque o faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o pensamento: Tudo é um. 
NIETZSCHE. F. Crítica moderna. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural. 1999 

O que, de acordo com Nietzsche, caracteriza o surgimento da filosofia entre os gregos? 
a) O impulso para transformar, mediante justificativas, os elementos sensíveis em verdades racionais. 
b) O desejo de explicar, usando metáforas, a origem dos seres e das coisas. 
c) A necessidade de buscar, de forma racional, a causa primeira das coisas existentes. 
d) A ambição de expor, de maneira metódica, as diferenças entre as coisas. 
e) A tentativa de justificar, a partir de elementos empíricos, o que existe no real.

Enem 2015 - Questão 20 - A natureza fez os homens tão iguais, quanto às faculdades do corpo e do espírito, que, embora por vezes se encontre um homem manifestamente mais forte de corpo, ou de espírito mais vivo do que outro, mesmo assim, quando se considera tudo isto em conjunto, a diferença entre um e outro homem não é suficientemente considerável para que um deles possa com base nela reclamar algum benefício a que outro não possa igualmente aspirar. 
HOBBES, T. Leviatã. São Paulo Martins Fontes, 2003 

Para Hobbes, antes da constituição da sociedade civil, quando dois homens desejavam o mesmo objeto, eles 
a) entravam em conflito. 
b) recorriam aos clérigos. 
c) consultavam os anciãos. 
d) apelavam aos governantes. 
e) exerciam a solidariedade.

Enem 2015 - Questão 27 - Calendário medieval, século XV.
Os calendários são fontes históricas importantes, na medida em que expressam a concepção de tempo das sociedades. Essas imagens compõem um calendário medieval (1460-1475) e cada uma delas representa um mês, de janeiro a dezembro. Com base na análise do calendário, apreende-se uma concepção de tempo 
a) cíclica, marcada pelo mito arcaico do eterno retorno. 
b) humanista, identificada pelo controle das horas de atividade por parte do trabalhador. 
c) escatológica, associada a uma visão religiosa sobre o trabalho. 
d) natural, expressa pelo trabalho realizado de acordo com as estações do ano. 
e) romântica, definida por uma visão bucólica da sociedade.

Enem 2015 - Questão 29 - Ora, em todas as coisas ordenadas a algum fim, é preciso haver algum dirigente, pelo qual se atinja diretamente o devido fim. Com efeito, um navio, que se move para diversos lados pelo impulso dos ventos contrários, não chegaria ao fim de destino, se por indústria do piloto não fosse dirigido ao porto; ora, tem o homem um fim, para o qual se ordenam toda a sua vida e ação. Acontece, porém, agirem os homens de modos diversos em vista do fim, o que a própria diversidade dos esforços e ações humanas comprova. Portanto, precisa o homem de um dirigente para o fim. 
AQUINO. T. Do reino ou do governo dos homens: ao rei do Chipre. Escritos políticos de 
São Tomás de Aquino. Petrópolis: Vozes, 1995 (adaptado). 

No trecho citado, Tomás de Aquino justifica a monarquia como o regime de governo capaz de 
a) refrear os movimentos religiosos contestatórios. 
b) promover a atuação da sociedade civil na vida política. 
c) unir a sociedade tendo em vista a realização do bem comum. 
d) reformar a religião por meio do retorno à tradição helenística. 
e) dissociar a relação política entre os poderes temporal e espiritual.

Enem 2015 - Questão 34 - Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. 
RACHELS. J. Problemas da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. 

O sofista Trasímaco, personagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de 
a) determinações biológicas impregnadas na natureza humana. 
b) verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. 
c) mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. 
d) convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. 
e) sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas.

Enem 2015 - Questão 37 - Todo o poder criativo da mente se reduz a nada mais do que a faculdade de compor, transpor, aumentar ou diminuir os materiais que nos fornecem os sentidos e a experiência. Quando pensamos em uma montanha de ouro, não fazemos mais do que juntar duas ideias consistentes, ouro e montanha, que já conhecíamos. Podemos conceber um cavalo virtuoso, porque somos capazes de conceber a virtude a partir de nossos próprios sentimentos, e podemos unir a isso a figura e a forma de um cavalo, animal que nos é familiar. 
HUME, D. Investigação sobre o entendimento humano. São Paulo: Abril Cultural, 1995. 

Hume estabelece um vínculo entre pensamento e impressão ao considerar que 
a) os conteúdos das ideias no intelecto têm origem na sensação. 
b) o espírito é capaz de classificar os dados da percepção sensível. 
c) as ideias fracas resultam de experiências sensoriais determinadas pelo acaso. 
d) os sentimentos ordenam como os pensamentos devem ser processados na memória. 
e) as ideias têm como fonte específica o sentimento cujos dados são colhidos na empiria.

GABARITO / RESOLUÇÃO
03 - D
Para o clássico da sociologia Max Weber, uma das características do advento histórico do capitalismo era o desencantamento e a racionalização. Isso significava a superação gradual das concepções míticas e misteriosas acerca do mundo, as quais marcaram o período medieval. Nesse sentido, a religião protestante desempenhou papel fundamental no estabelecimento de uma cultura racional sobre a qual se desenvolveu o capitalismo. Deve-se observar, contudo, que Weber jamais usou o conceito de “modernidade”, ainda mais por tratar-se de uma criação intelectual do século XX, sendo que o eminente sociólogo alemão morreu em princípios dessa centúria.

05 - C
A atuação de Simone de Beauvoir no contexto dos anos 1960 alavancou mobilizações sociais no sentido da conquista da igualdade de gêneros. No confronto direto com as concepções tradicionais e discriminatórias em relação aos papéis da mulher na sociedade, a autora ressaltou a importância das relações de poder na formação da condição feminina. Que não é, segundo a autora, biológica, mas, sim, cultural. Tal consciência norteou novas tendências na evolução dos movimentos feministas do século XX.

11 - C
Nietzsche refere-se a um grupo de filósofos pré-socráticos chamados naturalistas, ou filósofos da phy´sis. Esses buscavam a realidade primeira fundamental numa perspectiva cosmológica. Nietzsche valoriza o esforço desse grupo por sondarem o real de forma racional, sem “imagem e fabulação” próprias da mitologia.

20 - A
Thomas Hobbes sustentou, em sua filosofia, uma concepção pessimista de ser humano. Em estado de natureza, o homem revela uma índole egoísta, inclinado ao conflito. Portanto, antes da constituição da sociedade civil, que para o pensador em questão era um pacto artificial, dominava o estado de guerra de todos contra todos.

27 - D
Tendo em vista que a Europa Ocidental é dominada pelo clima temperado, no qual as estações são bem definidas, as atividades laborais (e também as recreativas) eram subordinadas, no período medieval, às condições do tempo. Esse foi o critério utilizado para a elaboração do calendário apresentado.

29 - C
Alternativa escolhida por eliminação, pois o trecho transcrito faz referência apenas à necessidade de existir alguém que governe, sem explicitar que esse alguém seja necessariamente um monarca (a citação de que se trata de uma carta de Tomás de Aquino ao rei de Chipre, não faz parte do texto). De qualquer forma pode-se admitir que o objetivo da argumentação do teólogo é justificar a autoridade dos reis, pois esta era a forma de governo predominante na Europa medieval, sendo – ao menos em tese –, direcionada para a realização do bem comum.

34 - D
Trasímaco, representante dos sofistas, entendia que a justiça não era nada mais do que a conveniência do mais forte, ou seja, fazer-se de acordo com o interesse do mais forte. Os sofistas, de fato, representavam um tipo de relativismo filosófico ao qual Sócrates fazia oposição.

37 - A
Para Hume, as impressões e ideias são nossos conteúdos mentais. As impressões resultam diretamente da experiência imediata; e as ideias são as cópias fracas e desbotadas das impressões. Para Hume, o acaso não existe, não passando de um efeito aparente de uma causa desconhecida e oculta.

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