UNICAMP 2022 -
Na Europa medieval cristã, prevalecia a ideia de que a
morte era a transição para uma vida espiritual plena. Os
ritos fúnebres buscavam assegurar uma passagem
organizada para esse outro plano e evita-se mostrar o
processo de decomposição dos corpos. A chegada da
peste negra rompeu com essa concepção. De acordo com
a historiadora Juliana Schmitt, a doença deixava marcas no
corpo, as pessoas morriam de repente, algumas em locais
públicos. A ideia apaziguadora da morte, na concepção
cristã, foi substituída pela ideia de morte caótica, causada
pela peste. As imagens cotidianas relacionadas ao surto da
doença passaram a ser reapresentadas no campo das
imagens e na literatura, no que hoje se conhece como
“estética macabra”. O que caracteriza as obras macabras é
a ênfase dada aos processos de decomposição do corpo.
A estética é anterior ao período medieval, mas foi
impulsionada pela peste negra.
(Adaptado de Christina Queiroz, Pandemia como alegoria. Revista
Pesquisa Fapesp. Edição 294. ago. 2020.)
Com base na imagem e no excerto, assinale a alternativa
correta:
a) A peste negra, enfrentada pela Europa do século XIV,
afetou as representações da morte nas artes visuais,
propondo reflexões sobre o potencial das ciências
modernas para a resolução da peste à época.
b) A estética do macabro, criada na Idade Média, é acionada pelas artes visuais como elemento valorizador da vida, gerando a negação dos contextos sanitários marcados pela peste e pela morte.
c) A estética do macabro declinou no período medieval, ficando restrita a um ambiente religioso, católico e temente ao juízo final, como apresenta a obra através das figuras dos reis e das autoridades religiosas.
d) A peste negra tornou-se uma referência presente na estética do macabro, que faz alusão a caveiras e cadáveres entre os vivos, compondo um ambiente festivo e aterrador.
RESPOSTA:
Letra D.
O texto e a imagem da questão fazem referência à “estética da morte”, descrita no texto e surgida a partir da peste negra no período medieval. Além de afetar a representação artística da morte, a pandemia transformou a própria concepção que se tinha da morte, que deixou de ser vista como passagem serena e organizada para o além, e passou a ser vista como algo caótico e desordenado. A forma da “estética macabra” inclui uso de imagens de cadáveres e esqueletos, conforme afirmado na alternativa D e percebido na imagem.
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