UNICAMP 2022 - “Mas, enquanto isso, e os escravos? Eles ouviam falar da Revolução e conceberam-na à sua própria imagem. (...) Antes do final de 1789, houve levantes em Guadalupe e na Martinica. Já em outubro, em Forte Dauphin, um dos futuros centros da insurreição de São Domingos, os escravos estavam se agitando e realizando reuniões de massas nas florestas durante a noite. Na Província do Sul, observando a luta entre os seus senhores a favor e contra a Revolução, eles mostraram sinais de inquietação. (...) Pela dura experiência, aprenderam que esforços isolados estavam condenados ao fracasso, e nos primeiros meses de 1791, dentro e nos arredores de Le Cap, eles estavam se organizando para a Revolução. O vodu era o meio da conspiração. Apesar de todas as proibições, os escravos viajavam quilômetros para cantar, dançar, praticar os seus ritos e conversar; e então, desde a Revolução, escutar as novidades políticas e traçar os seus planos.”
(Adaptado de Cyrik Lionel Robert James, Os Jacobinos Negros. Toussaint L’Ouverture e a revolução de São Domingos. 1.ed. São Paulo: Boitempo, 2010, p. 87-91.)
Com base no excerto e em seus conhecimentos sobre as revoluções atlânticas de finais do século XVIII e início do XIX,
a) cite e analise dois elementos característicos dos modos de ação política da população escravizada do Haiti (São Domingos).
b) identifique e explique dois impactos da revolução haitiana no mundo Atlântico.
RESPOSTA:
A) Realização de reuniões em florestas durante a noite. As reuniões eram realizadas nas florestas, em distâncias consideráveis dos engenhos ou de locais em que pudessem ser supervisionados e capturados pelos seus proprietários ou capatazes. Utilização do vodu como principal meio de conspiração. O vodu praticado no Haiti e por demais descendentes da diáspora negra para Estados Unidos e para América do Sul, era uma religião baseada no culto aos espíritos ancestrais e entidades conhecidas como loas. A partir de músicas, culto aos antepassados e danças rituais, foi que os escravizados conseguiram fortalecer a sua identidade de grupo e ganhar força para lutar contra os colonizadores franceses e conquistar a independência.
B) Temor de que o processo revolucionário se espalhasse pelo restante da América, com outras lutas lideradas por escravizados culminando em processos de independência. Este temor foi muito forte no Brasil, pois mesmo após obter a sua independência em 1822, o Brasil manteve a escravidão até 1888, diferentemente das demais colônias da América, as quais (em sua maioria), promoveram a liberação de seus escravizados entre 1820 e 1850. É possível inclusive afirmar os processos de independência da América Espanhola foram acelerados pela elite econômica (os chamados criollos), pois eles temiam uma independência de caráter popular, tal como no Haiti. Queda da produção de açúcar no Haiti (Antilhas), gerando grande aumento da produção de açúcar no Brasil.
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