Em estudo amplamente divulgado pela historiografia luso-brasileira, o historiador Charles Boxer afirmou: “entre as instituições que foram características do império marítimo português e que ajudaram a manter unidas as suas diferentes colônias, contavam-se o Senado da Câmara, as irmandades de caridade e as confrarias laicas”.
(Adaptado de Maria Fernanda Bicalho, “As Câmaras Municipais no Império Português: o Exemplo do Rio de Janeiro”. Revista Brasileira de História, São Paulo: ANPUH, v. 18, n. 36, p. 252, 1998.)
A partir da leitura do texto e dos seus conhecimentos,
a) cite e explique uma função de uma das instituições citadas no texto que contribuía para a manutenção da unidade de diferentes colônias do império marítimo português;
b) explique duas razões pelas quais a existência de quilombos no período colonial problematiza a noção de integridade do império português.
RESPOSTA:
a) O Senado da Câmara era a instituição que representava o poder político nas cidades coloniais. Entre suas diversas funções, podemos destacar o controle dos gastos públicos, a regulamentação de atividades comerciais e a realização de obras públicas, entre outras. Ao representar o poder político institucional da coroa, suas prerrogativas contribuíram para manter a influência de Portugal sobre a colônia. As irmandades de caridade e as confrarias laicas eram instituições que serviam à realização de caridade e contribuíam para a construção de espaços de sociabilidade, mas, apesar de se dedicarem a práticas relacionadas à fé católica, atuavam, de um modo geral, com alguma autonomia. Ao pregar princípios religiosos católicos, contribuíram para uma tentativa de imposição de uma unidade cultural nas colônias, bem como de uma certa identidade da população, uma vez que a religião oficial do Estado Português era o catolicismo.
b) Os quilombos surgiram no período colonial como refúgio de escravizados negros fugitivos. Aos poucos, muitos desses agrupamentos cresceram e se desenvolveram, inclusive com a presença de indígenas e outros. Na medida em que os quilombos surgiram como uma resistência à escravidão, que era um pilar da sociedade colonial, muitos deles se desenvolveram de forma autônoma, à revelia das instituições tradicionais do governo português e tornaram-se uma ameaça aos interesses portugueses no período colonial.
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