FGV-SP 2022 - “Este período pode ser definido como uma era de poder marítimo, de autoridade baseada no controle dos mares, detido apenas pelas nações europeias, pelo menos até a emergência dos Estados Unidos e do Japão como principais potências navais, em finais do século XIX. (...) nada é mais extraordinário do que o modo como os portugueses conseguiram obter e manter, virtualmente durante todo o século XVI, uma posição dominante no comércio marítimo do Índico e uma parte importante do comércio marítimo a oriente dos estreitos de Malaca. “
BOXER, C. R. O império marítimo português – 1415-1825. Lisboa: Ed. 70, 2001, p. 55. A respeito do império marítimo português:
a) Aponte as diferenças entre as atividades econômicas desenvolvidas pelos portugueses nas Índias Orientais e na América do Sul ao longo do século XVI.
b) Identifique os Estados europeus que ameaçaram a hegemonia portuguesa ao longo do século XVI.
RESPOSTA:
a) Como consequência da Expansão Marítima, Portugal estabeleceu possessões nas Índias Orientais. Diferentemente do que encontraram na América do Sul, os portugueses se depararam com povos com tradições militares e econômicas milenares e, explorando rivalidades locais, conquistaram-nas através de conflitos violentos. Após as vitórias militares, Portugal estabeleceu administrações locais, fortes militares e postos comerciais, posto que o principal objetivo português no Oriente era o acesso às especiarias das Índias, que eram produtos amplamente valorizados nos mercados europeus. Assim, o processo de construção de uma sociedade colonial adequada aos anseios e projetos lusitanos se deu a partir de culturas já consolidadas e economicamente produtivas. Vale destacar que o domínio dos portugueses no Oriente também aconteceu seguindo o formato cruzadista de conflitos contra povos islamizados e outros, não católicos. Na América do Sul, no início do século XVI, Portugal montou feitorias de exploração do pau-brasil. Em seguida, a partir de meados da década de 1530, os primeiros engenhos foram montados, a fim de produzirem o valioso açúcar, que se tornou o mais importante produto do período colonial brasileiro. Se o foco da exploração econômica nas Índias era o acesso às especiarias, na América portuguesa era a produção e a comercialização do açúcar. Podemos destacar, também, embora em significativa menor escala, a produção de tabaco, mandioca e outros alimentos na colônia Brasil. A organização das produções agrícolas era pautada no modelo da plantation, isto é, na grande propriedade, monocultora, com utilização de escravizados, cuja produção era voltada para o mercado externo. No que se refere à produção açucareira, destaca-se um sistema produtivo proto-fabril, que utiliza a tecnologia dos engenhos, a divisão das tarefas e o conhecimento da receita do produto.
b) A hegemonia portuguesa nos mares foi ameaçada e superada pelos espanhóis na segunda metade do século XVI. Destaca-se, também, o início das empreitadas francesas e inglesas, com a consolidação de seus respectivos estados nacionais, após a Guerra dos Cem Anos (1337 – 1453) e das Duas Rosas (1455-1485) na Inglaterra. Apenas no final do século XVI, no entanto, é que esses Estados passaram a se destacar nas navegações globais. Esses países chegaram a contestar o Tratado de Tordesilhas, ratificado pelo papa em 1496 e, que dividia as terras achadas entre espanhóis e portugueses. No entanto, o efeito de tais questionamentos será sentido somente na segunda metade do século XVI. Os países baixos seguiram a mesma lógica, lançando-se ao mar somente no final do XVI, pois conflitos relacionados às Reformas protestantes e à Contrarreforma atrasaram o empreendimento marítimo batavo. Portugal entrou em decadência a partir de meados da segunda metade do século XVI, fato justificado, também, pela dominação espanhola (União Ibérica – 1580-1640).
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