UNESP 2019 - Aquilo que hoje chamamos “globalização” esteve na mira da classe capitalista o tempo todo. Se o desejo de conquistar o espaço e a natureza é uma manifestação de algum anseio humano universal ou um produto específico das paixões da classe capitalista, jamais saberemos. O que pode ser dito com certeza é que a conquista do espaço e do tempo, assim como a busca incessante para dominar a natureza, há muito tempo tem um papel central na psique coletiva das sociedades capitalistas. Apesar de todos os tipos de críticas, acusações, repulsas e movimentos políticos de oposição, [...] ainda prevalece a crença de que a conquista do espaço e do tempo, bem como da natureza (incluindo até mesmo a natureza humana), está de algum modo a nosso alcance.
(David Harvey. O enigma do capital, 2011.)
a) Explique como a conquista do espaço e do tempo se realizou na globalização.
b) Mencione, sob o ponto de vista ambiental, duas críticas ao processo de globalização.
RESPOSTA:
a) O lucro é o elemento norteador do modo de
produção capitalista. Sua consolidação como
sistema hegemônico foi possível graças a sua
adequação às demandas que se apresentaram ao
longo do tempo e ao domínio do espaço. A
conquista do espaço, pelo Capitalismo, deu-se de
duas formas: [I] com a disseminação de seu modo
de produção por todos os rincões do planeta e [II]
com a destruição, subversão ou incorporação de
diferentes formas de produção de diferentes
lugares. Em relação ao tempo, o Capitalismo
dominou-o estabelecendo ritmos de produção e de
trabalho, relativizando a passagem do tempo
cronológico, com o aprimoramento e aplicação de
novas tecnologias, subordinando-o ao tempo da
produção e o do consumo. O espaço deixou de ser
o lugar e o tempo o período, quando as relações se
desenvolvem e transformam-se, sob as regras do
sistema capitalista, em componentes subsidiários
da produção e do lucro, global e em constante
mudança.
b) A apropriação do espaço global pelo capitalismo,
norteada pela intenção do lucro, coloca as preocupações com o meio ambiente em segundo plano. A
natureza, sob esta perspectiva, é vista como
potencial matéria-prima para a produção e,
consequentemente, não haveria impedimentos,
por esta lógica, à exploração dos recursos naturais
– levando-os à exaustão e à geração de
subprodutos, como os diferentes tipos de poluição
e a enorme quantidade de lixo geradas.
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