Sobre o diário do indígena Chimalpahin, o historiador Serge Gruzinski escreveu:
Toda a obra do cronista transborda de anotações que desenham um imaginário planetário, cujas referências nos parecem muitas vezes inesperadas. Dois meses depois de ter evocado o assassinato do rei de França, em 15 de novembro de 1610, Chimalpahin dirige seu olhar para o Japão e anota: “Dom Rodrigo de Vivero, vindo do Japão, perto da China, fez sua entrada na Cidade do México. Fez-se amigo do imperador japonês e este lhe emprestou a fortuna que Rodrigo trouxe à Cidade do México; ele trouxe, além disso, alguns japoneses com ele. Todos estavam vestidos como se vestiam lá, com uma espécie de colete e um cinto em torno da cintura, onde levavam sua katana de aço, uma espécie de espada. Não se mostravam tímidos, não eram pessoas calmas ou humildes, tinham, ao contrário, o aspecto de águias ferozes.”
(Adaptado de Serge Gruzinski, As quatro partes do mundo: história de uma mundialização. Belo Horizonte: Editora UFMG, São Paulo: Edusp, 2014, p. 36.)
Considerando o estudo histórico de Gruzinski e seus conhecimentos,
a) identifique, a partir do texto, dois aspectos que caracterizam os contatos culturais;
b) explique a importância do diário de Chimalpahin para a compreensão do processo de colonização da América.
RESPOSTA:
a) Ao mencionar a comemoração, por parte de Chimalpahin, do assassinato do rei francês, traz indícios dos conflitos que marcaram os contatos culturais. Em outro momento, ao abordar a forma como Dom Rodrigo de Vivero estabeleceu contato com os japoneses, e a forma como Chimalpahin descreveu os japoneses que desembarcaram na América, traz indícios de um contato cultural marcado por assimilações e convívios.
b) O diário é um documento que ajuda a conhecer a maneira como os indígenas enxergaram o processo de colonização e contribuiu na construção de interpretações diferentes da visão eurocêntrica da ocupação da América.
Nenhum comentário:
Postar um comentário