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domingo, 10 de abril de 2022

Industrialização da agricultura

De 1930 a 1970 estabeleceu-se e consolidou-se no país um novo padrão de desenvolvimento, crescentemente baseado nos setores urbanos e industriais da economia e cada vez mais voltado para o atendimento de um mercado interno em franca expansão. Até o final da década de 1920, a economia brasileira fora predominantemente rural e correspondia grosso modo ao chamado modelo primário-exportador, no qual o setor agropecuário constituía o setor dominante. Nas décadas subsequentes à grande crise de 1929/30, ela evoluiu para uma economia urbanizada e industrializada, na qual o setor agropecuário deixou de constituir o segmento dominante, cedendo lugar aos setores industrial e de serviços, nada perdendo todavia de sua importância em termos absolutos, no que se refere à geração de renda, de empregos e de divisas. [...]

Deixando de lado essa questão conceitual e voltando para o que nos interessa mais de perto, podemos constatar que foi no período de 1930 a 1970 que se completou a integração funcional dos setores agropecuário e industrial da economia brasileira. Trata-se de um processo da maior importância para o desenvolvimento de ambos, inclusive porque acabou se dando em âmbito nacional, e não apenas em nível regional. Dentro desse processo, a produção agropecuária do país teve um comportamento dos mais dinâmicos, sem o qual, aliás, o novo padrão de desenvolvimento econômico nem teria podido assumir as proporções e a intensidade que chegou a alcançar no período em pauta. E isto se deu porque foram em boa parte as transformações na produção agropecuária que condicionaram tanto o ritmo como o caráter da industrialização e da urbanização no Brasil.

Os principais aspectos dessas transformações foram, além da diversificação da produção analisada no capítulo anterior, de um lado, a expansão da fronteira agrícola e, de outro, o aumento da produtividade do trabalho – ou seja, das quantidades produzidas por pessoa ocupada no setor. Tal aumento é atestado pelo fato de a produção agropecuária nunca ter cessado de crescer, apesar da continuidade e da cada vez maior intensidade das migrações rural-urbanas, e não obstante o baixo incremento numérico e, às vezes, a estagnação e até o decréscimo numérico da força de trabalho no campo. A crescente produtividade da mão de obra empregada no setor agropecuário aumentou a disponibilidade dos produtos de origem vegetal e animal por habitante, possibilitando o abastecimento em níveis relativamente satisfatórios, não apenas de uma população urbana cada vez mais numerosa (e, em alguns casos, cada vez mais rica), mas também de um crescente número de indústrias compradoras e transformadoras de seus produtos.

SZMRECSÁNYI, Tamás. Pequena história da agricultura no Brasil. São Paulo: Contexto, 1998. p. 71-73.

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