UECE 2023/2 - “Que o espetacular concentrado e, nele, o fascismo possam surgir como técnicas do poder em épocas de crise capitalista, é porque nessas conformações políticas o Estado se torna um elemento racionalizador da economia, debelando seus desajustes estruturais e suas crises.”
AQUINO, João Emiliano Fortaleza de. O problema teóricofilosófico da crise capitalista: O debate de Guy Debord com E. Bernstein e R. Luxemburgo. Revista Kriterion, v. 63, n. 153, 2023, p. 579.
O trecho acima se refere à teoria de GUY DEBORD, marxista francês influente nas rebeliões operárias de maio de 1968, sobre a “sociedade do espetáculo” e o aparecimento do fascismo, que, segundo Debord, corresponderia, ao lado do regime stalinista da antiga URSS, um tipo de sociedade do espetáculo: o “espetacular concentrado”.
Com base nessa passagem citada de G. Debord, é correto afirmar que
A) o fascismo é uma reação técnica do poder estatal para conter as crises estruturais do capitalismo.
B) o espetáculo concentrado, como modo de apresentação do capitalismo, diferencia-se radicalmente do fascismo.
C) o fascismo é caracterizado pela irracionalidade econômica, o que o torna distinto capitalismo moderno.
D) o Estado moderno emerge como oposição ao capitalismo e, como tal, em desacordo com os fascismos.
RESPOSTA:
Letra A.
Guy Debord, teórico marxista francês e membro proeminente da Internacional Situacionista, é conhecido por sua crítica à "Sociedade do Espetáculo". Para Debord, a sociedade moderna é caracterizada pela substituição da experiência direta e autêntica pela mediação do espetáculo, um sistema de imagens e representações que serve para reproduzir e perpetuar o sistema capitalista. De acordo com Debord, existem duas formas de sociedade do espetáculo: o espetacular concentrado e o espetacular difuso. O espetacular concentrado corresponde a regimes totalitários como o fascismo e o stalinismo, nos quais o espetáculo é controlado e orquestrado de maneira centralizada pelo Estado_ Nesses sistemas, o Estado desempenha uni papel de racionalizador e estabilizador do sistema econômico capitalista, servindo como uma reação técnica para conter as crises e desequilíbrios inerentes ao capitalismo.
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