UECE 2023/2 - “E, porque as terras do rio de Sirinhaém (Pernambuco) eram também muito boas e as tinha ocupadas outro gentio, contrário deste que já estava sujeito e pacífico, e de lá vinham inquietar estes daqui agora aliados dos portugueses e salteá-los, Duarte Coelho lhes mandou dizer pelos nossos línguas e intérpretes que se quietassem e fossem amigos, senão que lhe seria necessário defender esses índios amigos e tomar vingança dos agravos e injúrias que aqueles faziam a estes. Com muita arrogância, eles responderam que não o haviam com os brancos nem com ele, senão com aqueles outros gentios que eram seus inimigos e contrários antigos; mas, se os brancos queriam por eles tomar pendências, ainda tinham braços para se defenderem de uns e de outros. Quando os intérpretes retornaram com essa resposta, Duarte Coelho de Albuquerque fez uma junta de oficiais da câmera e mais pessoas da governança, onde se julgou ser a CAUSA bastante para se lhes fazer GUERRA JUSTA e, no final, os cativar a todos.”
DO SALVADOR, Frei Vicente. História do Brasil. – Edição revista por Capistrano de Abreu. Brasília: Livraria do Senado, 2010, p. 217-218 – Adaptado.
Uma das características da Filosofia é a discussão sobre a justificação racional, mas não puramente empírica ou a posteriori do conhecimento, da ação etc. Nessa passagem citada, a guerra a ser travada no século XVI pelos colonizadores portugueses contra algumas aldeias na Capitania de Pernambuco se diz ser uma GUERRA JUSTA porque, conforme seu conceito,
A) seu resultado vai ser sempre uma situação de justiça.
B) tem por fim obter terras boas e o cativo de índios.
C) justifica-se diante das ameaças do gentio inimigo.
D) é um combate dos civilizados contra os bárbaros.
RESPOSTA:
Letra C.
Nesta passagem, Duarte Coelho de Albuquerque faz uma "junta de oficiais da câmara e mais pessoas da governança", onde se julga que a ameaça e hostilidade das tribos indígenas rivais é uma "causa bastante" para se declarar uma "guerra justa". A ideia de guerra justa é historicamente uma concepção moral que designa condições sob as quais a guerra pode ser eticamente justificável. Neste caso, a ameaça representada pelas tribos indígenas é vista como uma causa justa para a guerra. Isso não implica que o resultado será sempre justo (opção A), nem que o objetivo principal seja obter terras ou cativar índios (opção B). A opção D, que diz que é um combate dos civilizados contra os bárbaros, não está correta porque a justificativa apresentada na passagem é a ameaça e hostilidade dos índios, não sua suposta "barbárie". Lembre-se, no entanto, que a declaração de uma "guerra justa" é um argumento complexo que tem sido amplamente debatido na filosofia e na ética ao longo dos séculos, e esta questão se aplica especificamente ao contexto histórico apresentado na passagem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário