Que solução ética a psicanálise propõe para o poder do id e do superego?
RESPOSTA:
Nossa psique é um campo de batalha inconsciente entre desejos e censuras. O id ama o proibido; o superego
quer ser amado por reprimir o id. O id desconhece fronteiras; o superego só conhece barreiras. Eticamente,
essa batalha interior só pode ser decidida por uma terceira instância: a consciência, pois a psicanálise é uma
terapia para auxiliar o sujeito no autoconhecimento e
um modo de evitar que ele se torne um joguete do id
e do superego. A psicanálise mostra que uma das fontes dos sofrimentos psíquicos, causa de doenças e de
perturbações mentais e físicas, é o rigor excessivo do
superego. Uma moralidade rígida produz um ideal do
ego (valores e fins éticos) irrealizável, torturando psiquicamente aqueles que não conseguem alcançá-lo
por terem sido educados na crença de que esse ideal
seria realizável. Quando uma sociedade reprime os desejos inconscientes de tal modo que eles não possam
encontrar meios de expressão, quando essa sociedade
os censura e condena de tal forma que nunca possam
manifestar-se, prepara o caminho para duas alternativas igualmente distantes da ética: ou a transgressão
violenta de seus valores pelos sujeitos reprimidos, ou a
resignação de uma coletividade neurótica, que confunde neurose e moralidade. A psicanálise explica que,
sem a repressão da sexualidade, não há sociedade
nem ética; contudo, a excessiva repressão da sexualidade destrói, primeiro, a ética e, depois, a sociedade. O
que a psicanálise propõe é uma nova moral sexual que
harmonize, tanto quanto for possível, os desejos inconscientes, as formas de satisfazê-los e a vida social.
Essa moral, evidentemente, só pode ser realizada pela
consciência e pela vontade livre, de sorte que a psicanálise procura fortalecê-las como instâncias moderadoras do id e do superego.
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