Lista de Exercícios sobre Iracema, de José de Alencar (04)
1 - PUC-SP 2020 - Leia o fragmento a seguir, extraído do capítulo IV de Iracema, lenda do Ceará, para responder à questão.
O maior chefe da nação tabajara, Irapuã, descera do alto da serra Ibiapaba, para levar as tribos do sertão contra o inimigo pitiguara. Os guerreiros do vale festejam a vinda do chefe e o próximo combate.
O mancebo cristão viu longe o clarão da festa; passou além e olhou o céu azul sem nuvens. A estrela morta que então brilhava sobre a cúpula da floresta guiou seu passo firme para as frescas margens do rio das garças.
Quando ele transmontou o vale e ia penetrar na mata, surgiu o vulto de Iracema. A virgem seguira o estrangeiro como a brisa sutil que resvala sem murmurejar por entre a ramagem.
- Por que, disse ela, o estrangeiro abandona a cabana hospedeira sem levar o presente da volta? Quem fez mal ao guerreiro branco na terra dos tabajaras?
O cristão sentiu quanto era justa a queixa e achou-se ingrato.
- Ninguém fez mal ao teu hóspede, filha de Araquém. Era o desejo de ver seus amigos que o afastava dos campos dos tabajaras. Não levava o presente da volta; mas leva em sua alma a lembrança de Iracema.
- Se a lembrança de Iracema estivesse n'alma do estrangeiro, ela não o deixaria partir. O vento não leva a areia da várzea, quando a areia bebe a água da chuva
(ALENCAR, José de. Iracema: lenda do Ceará. Cotia: Ateliê Editorial, 2006, p.111-112.)
A respeito dos cenários em que transcorrem as ações de Iracema, é CORRETO afirmar que, no fragmento em questão, José de Alencar
a) atribui, de modo fantasioso ao colonizador português, a ousadia de desbravar o caminho entre a serra e a região litorânea do Ceará, trajeto que mesmo os indígenas que habitavam a região temiam percorrer
b) mesclou pesquisa histórico-geográfica à imaginação romântica, ao situar em territórios reais do estado do Ceará – como a “serra de Ibiapaba” e o “rio das garças” – as fictícias tribos inimigas dos tabajaras e pitiguaras.
c) deu vazão à sua imaginação de romancista ao situar em regiões distintas do Ceará as tribos dos tabajaras e dos pitiguaras, desrespeitando as evidências históricas de que tais tribos, no período da colonização portuguesa, conviviam na região litorânea do estado.
d) manteve-se fiel às informações históricas e geográficas que sustentam o romance, conforme as referências à “serra de Ibiapaba” e às “margens do rio das garças”, territórios habitados, respectivamente, por tabajaras e pitiguaras no início da colonização portuguesa.
2 - FAAP 2017 - Leia a descrição a seguir da heroína Iracema, protagonista do romance homônimo de José de Alencar.
A virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna, e mais longos que o talhe de palmeira. O favo da jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque com seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação Tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas.
Ao caracterizar Iracema, está incorreto afirmar que o escritor:
a) descreve uma heroína não idealizada, que deveria ser forte para enfrentar os perigos da mata.
b) valoriza a natureza, haja vista a descrição apresentada de Iracema: mel, asa da graúna, palmeira, etc.
c) faz uso de comparações.
d) valoriza a mulher pura quando diz a “virgem dos lábios de mel”, característica da personagem feminina romântica.
e) apresenta a cor local brasileira.
3 - FDF 2017 - Iracema é a personagem que dá título ao romance indianista, de mesmo nome, de José de Alencar. A respeito dela NÃO É CORRETO afirmar que
a) carrega em seu nome o anagrama de América e ela se mostra ligada, simbolicamente, à fundação do estado do Ceará.
b) mostra-se como uma figura real e concreta do contexto brasileiro e sua descrição física obedece a um exagero retórico que compromete a figura feminina dentro do Romantismo.
c) dá corpo a uma alegoria, e se configura como a representação mais complexa de Pindorama, símbolo da nacionalidade brasileira.
d) constrói-se a partir de muitas metáforas e comparações tomadas à natureza brasileira, de sua flora e sua fauna.
4 - Albert Einstein 2017/1 - Os olhos de Iracema, estendidos pela floresta, viram o chão juncado de cadáveres de seus irmãos; e longe o bando dos guerreiros tabajaras que fugia em nuvem negra de pó. Aquele sangue que enrubescia a terra, era o mesmo sangue brioso que lhe ardia nas faces de vergonha.
O pranto orvalhou seu lindo semblante.
Martim afastou-se para não envergonhar a tristeza de Iracema.
O trecho acima integra a obra Iracema, publicada em 1865 por José de Alencar. Considerando este romance em sua inteireza, do trecho em questão, NÃO É CORRETO afirmar que
a) revela o desfecho da luta entre os pitiguaras e os tabajaras, tribos inimigas, no meio da qual Iracema sofre as consequências de uma opção amorosa.
b) configura o dilema afetivo da virgem posta entre o amor do esposo, amigo dos inimigos de sua tribo e a lealdade aos irmãos vencidos em guerra pelos pitiguaras.
c) desvela as imagens trágicas que os olhos de Iracema refletem e o sentimento de vergonha que a faz corar e que a acomete pela escolha inescapável que fizera.
d) indicia o choro de arrependimento e remorso pela aventura amorosa vivida entre Iracema e Martim, cujo desenrolar pressagia um destino final trágico para o par romântico.
5 - UEA 2014 - Leia o trecho de Iracema, de José de Alencar.
Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se.
Diante dela e todo a contemplá-la, está um guerreiro estranho, se é guerreiro e não algum mau espírito da floresta. Tem nas faces o branco das areias que bordam o mar; nos olhos o azul triste das águas profundas. Ignotas armas e tecidos ignotos cobrem-lhe o corpo.
Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gotas de sangue borbulham na face do desconhecido.
De primeiro ímpeto, a mão lesta caiu sobre a cruz da espada; mas logo sorriu. O moço guerreiro aprendeu na religião de sua mãe, onde a mulher é símbolo de ternura e amor. Sofreu mais d’alma que da ferida.
O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiraçaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.
(www.objdigital.bn.br)
O romance trata das consequências do encontro entre Iracema e Martim. Com o romance, José de Alencar tem a intenção de
a) mostrar que o povo indígena, símbolo da nação brasileira, era culturalmente superior ao colonizador europeu.
b) inventar um mito fundador para o Brasil, pela interação do povo indígena e do povo branco europeu. c) descrever o interior brasileiro, com seus diversos habitantes, em particular os sertanejos, os fazendeiros e os jesuítas.
d) imitar os romances europeus que narram a destruição da vida de um homem gentil por uma mulher fatal.
e) documentar, com rigor científico, o encontro entre populações que formaram o Brasil: indígenas, portugueses e africanos.
GABARITO
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