UNCISAL 2015 - Em Paris, na década de 1560, alguns tupinambás foram trazidos da Baía da Guanabara para conhecer os franceses. Na ocasião, através de um intérprete, Michel de Montaigne indagou sobre seus costumes, sua visão de mundo e até suas opiniões sobre a França. No brilhante artigo “Dos canibais”, ele demonstra ter compreendido bem o significado do canibalismo tupinambá, que horrorizava os europeus: os inimigos aprisionados são honrados como grandes guerreiros ao serem mortos e devorados, transmitindo sua coragem aos vencedores. Sorrateiramente, Montaigne compara a prática com as guerras civis que estavam ocorrendo entre huguenotes e católicos franceses, e seus horrendos métodos para obter informações, castigar ou simplesmente torturar os inimigos mútuos – todos franceses. Corpos despedaçados, chumbo derretido derramado nos ouvidos, queima nas fogueiras. Quem é o selvagem nessa comparação? Montaigne sugere que a repulsa e as críticas a costumes diferentes brotam da visão interna de cada cultura, que pensa que os seus são os hábitos mais naturais e corretos – o que mais tarde a antropologia iria nomear de etnocentrismo.
Disponível em: http://www.revistadehistoria.com.br/secao/capa/bom-selvagem-mau-selvagem. Acesso em: 28 out. 2014.
Ao comparar alguns comportamentos culturais dos tupinambás com o momento histórico vivido pela França, denunciando as visões internas de cada cultura, Montaigne antecipa o conceito de etnocentrismo e lança no pensamento ocidental a noção de
a) etnocídio.
b) xenofobia.
c) aculturação.
d) relativismo cultural.
e) colonialismo cultural.
RESPOSTA:
Letra D.
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