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quinta-feira, 15 de junho de 2023

Questão de Geografia - UERJ 2023 - Parabolicamará (1992)

UERJ 2023 - Parabolicamará (1992) 
Capa do álbum Parabolicamará.
Antes mundo era pequeno
Porque Terra era grande
Hoje mundo é muito grande
Porque Terra é pequena
Do tamanho da antena
parabolicamará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará

Antes longe era distante
Perto, só quando dava
Quando muito, ali defronte
E o horizonte acabava
Hoje lá trás dos montes, den de* casa, camará
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
De jangada leva uma eternidade
De saveiro leva uma encarnação
Pela onda luminosa
Leva o tempo de um raio
Tempo que levava Rosa
Pra aprumar o balaio
Quando sentia que o balaio ia escorregar
Ê, volta do mundo, camará
Ê, ê, mundo dá volta, camará
(...)

* den de - dentro de
GILBERTO GIL gilbertogil.com.br

A canção registra percepções de alguns impactos da globalização na sociedade brasileira na década de 1990. Um desses impactos está apontado em: 
A) subordinação das culturas locais e regionais 
B) integração de identidades nacionais e linguísticas 
C) desvalorização de práticas populares e tradicionais 
D) redimensionamento das relações espaciais e comunicacionais

RESPOSTA:
Letra D.

Nas duas últimas décadas do século XX, a globalização tornou-se um fenômeno cada vez mais abrangente, em especial, devido às mudanças tecnológicas que afetaram as comunicações entre países, sociedades e povos. A expansão ainda maior dos satélites em associação com a disseminação da internet garantiram o compartilhamento de dados e informações em volumes massivos e velocidades aceleradas. De lá até os dias de hoje, tais mudanças se exacerbaram ainda mais, redimensionando a integração internacional nas bases do que alguns consideraram uma revolução no âmbito das relações comerciais, financeiras, políticas e culturais, e também, cabe frisar, no que concerne às formas de apreender espacialidades e temporalidades. 

A música tema do álbum Parabolicamará, de Gilberto Gil, representa, como produção poética, uma alusão às mudanças na apreensão das relações espaço-tempo, tendo como referência alguns dos efeitos da expansão do uso das antenas parabólicas pelos mais diversos rincões do território brasileiro. 

A capa do álbum – um cesto na forma de antena parabólica sob fundo azul reticulado – é também um indicador desse espaço da rede, possibilitado pela comunicação via satélite atrelada às tecnologias eletrônicas e digitais. Em versos da canção, as menções às mudanças na apreensão das relações espaço-tempo, aparecem nos contrapontos entre longe/perto, pequeno/grande, na “onda luminosa”, “do tempo de um raio”, “do tamanho da antena”. A par dessas considerações, a canção mencionada indica um dos impactos da globalização manifesto no redimensionamento das relações espaciais e comunicacionais.

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