UFC 2005 - “E o povo negro entendeu
Que o grande vencedor
Se ergue além da dor
Tudo chegou
Sobrevivente num navio
Quem descobriu o Brasil
Foi o negro que viu
A crueldade bem de frente
E ainda produziu milagres
De fé no extremo ocidente”
Milagre do Povo – Caetano Veloso
Os versos de Caetano Veloso falam sobre a desterritorialização de milhares de africanos, durante o tráfico negreiro, sobre a qual é correto afirmar que:
A) nas comunidades de senzalas, a cultura yorubá constitui o elo principal de identidade dos africanos traficados.
B) a cultura africana tornou-se conhecida do mundo europeu com o processo de globalização ocorrido no século XVI.
C) os africanos traficados para as Américas mantiveram práticas culturais, mesmo separados de seus territórios.
D) as sociedades e as culturas da África Ocidental islamizada escaparam às ações do comércio negreiro.
E) a importação de aproximadamente 15 milhões de africanos cativos marcou profundamente a cultura de todas as colônias ibéricas.
RESPOSTA:
Letra C.
O fato de o africano ter sofrido um processo de desterritorialização não significa que rompeu com as
práticas culturais: quebrou-se o vínculo de territorialidade, mas, ao atravessar o Atlântico, trouxe
consigo a sua língua, práticas culturais, saberes, tradições e religiosidade, que através da oralidade
eram passadas de geração a geração, uma prática comum nas sociedades africanas. São estas práticas
culturais e a memória que afirmam as identidades afro-americanas.
A cultura Yorubá não foi o elo principal de identidade dos africanos traficados, quando se leva em
conta o Brasil como um todo onde o maior número de escravos era de origem congo-angolana,
portanto, da cultura Bantu. Ainda se deve considerar que outras culturas, de etnias diferentes, se
fizeram presentes no Brasil.
O processo de desterritorialização dos africanos, através do tráfico negreiro, não possibilitou a
descoberta da África, o conhecimento da cultura africana, afinal o império egípcio data de 4 mil anos
antes de Cristo. A região mediterrânea esteve submetida à Grécia, ao Império Romano, e a expansão
islâmica atingiu o Magreb e a África sub-saariana, região esta que durante a Idade Média já mantinha
rotas de comércio ligando a África Negra ao mundo mediterrâneo.
As sociedades islamizadas foram atingidas pelo tráfico negreiro em especial os Haussas. O islamismo
chegou ao Brasil com os africanos cativos.
As colônias da Espanha, nas regiões Andinas, não tiveram as relações de produção centradas na mãode-obra africana. Ali predominou o trabalho do nativo, bem como no sul da América espanhola e
portuguesa, onde a força de trabalho era predominantemente constituída de europeus e de nativos. No
sertão nordestino e em particular na Amazônia, o indígena constituiu, bem mais do que o africano, a
força de trabalho.
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