Que filósofos reuniram necessidade e liberdade? Que mudança eles introduziram nos conceitos de necessidade e liberdade?
RESPOSTA:
Os estoicos, Espinosa e Hegel, que conservaram a ideia
aristotélica de que a liberdade é a autodeterminação,
assim como a ideia de que é livre aquele que age sem
ser forçado nem constrangido por nada ou por ninguém e, portanto, age impulsionado por uma força
interna ao seu próprio ser. No entanto, diferentemente
de Aristóteles, esses filósofos não situam a liberdade
no ato voluntário de escolha de um possível em oposição à necessidade. Afirmam que alguém age livremente porque age necessariamente. Para entendermos essa junção entre liberdade e necessidade precisamos
levar em conta que esses filósofos modificam a ideia
de necessidade. Para eles, necessário é tudo que age
apenas pela força interna de sua natureza. No caso dos
seres humanos, quando o que pensamos, sentimos e
fazemos depende apenas de nossa natureza, somos
livres, porque seguimos necessariamente as leis de
nossa natureza racional sem sermos forçados ou coagidos por algo exterior a nós. A liberdade não é um
poder incondicionado para escolher entre alternativas
possíveis, mas é o poder interior de alguém para agir
em conformidade consigo mesmo, sendo necessariamente o que é e fazendo necessariamente o que faz.
Para os estoicos, o ser humano livre é aquele cuja razão
conhece a necessidade natural e a necessidade de sua
própria natureza e tem força para guiar e dirigir a vontade para que esta exerça um poder absoluto sobre a
irracionalidade dos instintos e impulsos, isto é, sobre as
paixões. Para Espinosa, o ser humano livre é aquele que
age como causa interna, completa e total de sua ação,
decorrente do desenvolvimento necessário da essência
racional do agente; somos livres quando o que somos,
o que sentimos, o que fazemos e o que pensamos não
nos vêm de fora, mas sim exprimem nossa força racional interna para existir e agir. Para Hegel, é livre o ser
humano que não se deixa dominar pela força da natureza e que a vence, dobrando-a à sua vontade por meio
do trabalho, da linguagem e das artes. Seu surgimento
perfeito ocorre na modernidade com o indivíduo como
consciência de si reflexiva, que concebe sua razão e sua
vontade como independentes da necessidade natural
e da coação de autoridades externas sobre seu pensamento e sua vontade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário