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segunda-feira, 20 de junho de 2022

Questão de Filosofia - Que filósofos reuniram necessidade e liberdade? Que mudança eles introduziram nos conceitos de necessidade e liberdade?

Que filósofos reuniram necessidade e liberdade? Que mudança eles introduziram nos conceitos de necessidade e liberdade?


RESPOSTA:
Os estoicos, Espinosa e Hegel, que conservaram a ideia aristotélica de que a liberdade é a autodeterminação, assim como a ideia de que é livre aquele que age sem ser forçado nem constrangido por nada ou por ninguém e, portanto, age impulsionado por uma força interna ao seu próprio ser. No entanto, diferentemente de Aristóteles, esses filósofos não situam a liberdade no ato voluntário de escolha de um possível em oposição à necessidade. Afirmam que alguém age livremente porque age necessariamente. Para entendermos essa junção entre liberdade e necessidade precisamos levar em conta que esses filósofos modificam a ideia de necessidade. Para eles, necessário é tudo que age apenas pela força interna de sua natureza. No caso dos seres humanos, quando o que pensamos, sentimos e fazemos depende apenas de nossa natureza, somos livres, porque seguimos necessariamente as leis de nossa natureza racional sem sermos forçados ou coagidos por algo exterior a nós. A liberdade não é um poder incondicionado para escolher entre alternativas possíveis, mas é o poder interior de alguém para agir em conformidade consigo mesmo, sendo necessariamente o que é e fazendo necessariamente o que faz. Para os estoicos, o ser humano livre é aquele cuja razão conhece a necessidade natural e a necessidade de sua própria natureza e tem força para guiar e dirigir a vontade para que esta exerça um poder absoluto sobre a irracionalidade dos instintos e impulsos, isto é, sobre as paixões. Para Espinosa, o ser humano livre é aquele que age como causa interna, completa e total de sua ação, decorrente do desenvolvimento necessário da essência racional do agente; somos livres quando o que somos, o que sentimos, o que fazemos e o que pensamos não nos vêm de fora, mas sim exprimem nossa força racional interna para existir e agir. Para Hegel, é livre o ser humano que não se deixa dominar pela força da natureza e que a vence, dobrando-a à sua vontade por meio do trabalho, da linguagem e das artes. Seu surgimento perfeito ocorre na modernidade com o indivíduo como consciência de si reflexiva, que concebe sua razão e sua vontade como independentes da necessidade natural e da coação de autoridades externas sobre seu pensamento e sua vontade.

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