O que Nietzsche entendia por “moral dos fortes” e por “moral dos escravos”?
RESPOSTA:
Nietzsche opõe-se principalmente aos filósofos racionalistas, como Kant, e aos pensadores socialistas, como Marx. Ele contesta à razão o poder e o direito
de intervir sobre o desejo e as paixões. Para ele, a
liberdade é a plena manifestação do desejante ou
passional. Quando somos capazes de manifestar
nosso desejo, somos fortes ou senhores, enquanto
somos fracos ou escravos quando não conseguimos. Os fracos temem e invejam a força, saúde e
vida dos fortes e, por isso, transformam ilusoriamente tudo o que é manifestação da vida e do desejo em falta e em pecado. Com isso, eles inventam
o dever, submetem o desejo à razão e transformam
a liberdade em motivo de culpa e castigo. A essa
renúncia hipócrita da verdadeira liberdade – renúncia que estaria na raiz da moral dos racionalistas –,
Nietzsche chama moral dos escravos. Entre os pensadores da época de Nietzsche, uma expressão da
moral dos escravos seria a ideia de igualdade, seja
por sermos racionais (no idealismo kantiano), seja
por termos os mesmos direitos (no socialismo marxiano, que é um racionalismo humanista e materialista). Segundo Nietzsche, para restabelecer a liberdade é preciso que os fortes reafirmem seu desejo,
sua vontade de potência, e a moral que se baseia
nessa vontade: a moral dos senhores.
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