UECE 2020/1 - Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron, em pesquisa dos anos 1960 sobre o sistema escolar francês, demonstraram como o mecanismo pedagógico das escolas focava, para a formação dos alunos, em um corpo de saberes (ciências da natureza, matemática, literatura, artes) que concedia vantagens aos filhos das classes mais abastadas economicamente, pois estes já chegavam “de casa” para o ambiente de ensino com um “capital cultural” – conjunto de conhecimentos e habilidades adquiridos – adequado com as exigências desse corpo de saberes. As “classes dominantes” podem proporcionar aos seus filhos e filhas o contato desde a mais tenra infância com leituras, artes e, mesmo, raciocínios lógicos no convívio diário com a família. A crítica dos referidos autores, em resumo, àquele sistema escolar francês foi a de que a pedagogia adotada criava uma espécie de “Escola Indiferente” que tratava como iguais, em direitos e deveres escolares, alunos desiguais em “capital cultural”. Os critérios exigidos para a avaliação do êxito escolar eram os mesmos para todos os estudantes sem tratar suas diferenças de “capital cultural” ligadas às condições socioeconômicas.
BOURDIEU, Pierre e PASSERON, Jean-Claude. Os Herdeiros: os estudantes e a cultura. Florianópolis: Editora da UFSC, 2014.
Sobre essa “Escola Indiferente”, sugerida pelos autores acima citados, é correto concluir que
A) ao tratar de modo igual quem é diferente, essa “Escola Indiferente” privilegia, de maneira dissimulada, quem, por sua bagagem familiar, já é privilegiado.
B) a escola que adota a “pedagogia indiferente” considera importantes os capitais culturais dos alunos e a formação de professores para ensinar de maneira igualitária.
C) o corpo de saberes da Escola francesa dos anos 1960 constituíam o “capital cultural” das classes menos abastadas economicamente ou “classes incultas”.
D) o êxito escolar está atrelado sociologicamente às capacidades intelectuais e cognitivas de cada estudante, que deve se esforçar para ter mérito reconhecido.
RESPOSTA:
Letra A.
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