No atual processo de globalização, as fronteiras tendem a adquirir outro significado, para além do que estabelecem os limites físicos do território nacional. A fronteira política, que delimita os territórios nacionais, vem sendo confrontada com os fluxos intensos de pessoas, mercadorias, capital, informação etc.
Um exemplo disso é a criação de fronteiras supranacionais, ou seja, a união de países em blocos econômicos regionais, em que os Estados nacionais transferem parte de sua soberania sobre o território para a circulação de produtos e, em alguns casos, também de pessoas entre fronteiras e para além delas. Tal cenário cria um intercâmbio cultural, mas com algumas restrições. Ele não se dá de forma homogênea: o capital estrangeiro é, normalmente, bem-vindo, enquanto imigrantes pobres encontram obstáculos para viver em países ricos.
Nos Estados Unidos, as fronteiras se fecham à onda migratória de latino-americanos por meio da força policial. O governo estadunidense dá às suas fronteiras a noção de “obstáculos defensivos” para conter aqueles que são considerados “indesejáveis”.
Na Europa, o impasse das fronteiras implica uma resolução conjunta entre os países que formam a União Europeia. Diante da chegada em massa de migrantes econômicos e refugiados, vindos de países africanos e do Oriente Médio, a negociação sobre a entrada ou as políticas de repatriamento é verticalizada. A soberania de alguns países sobre seus territórios é colocada em xeque, devido à pressão de países-membros da União Europeia que são contrários à recepção dessas pessoas.
As fronteiras também ganham outra conotação quando se pensa em seu sentido figurado ou metafórico, que remete à expansão de fenômenos para além das fronteiras políticas, como as organizações internacionais que levam ajuda humanitária a várias partes do mundo, bem como suas outras dimensões: as fronteiras econômicas, tecnológicas, agrícolas, do conhecimento, de disseminação de doenças etc.
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