As evidências arqueológicas sobre as origens da cidade de Roma são raras, mas é certo que a monarquia foi a primeira forma de governo adotada na cidade. Os reis eram escolhidos por um conselho de famílias aristocráticas romanas, que compunham a camada social dos patrícios. Os últimos reis foram etruscos. Roma viveu um grande crescimento econômico durante a monarquia, com destaque para a expansão do comércio e as atividades urbanas.
A fundação da república, em 509 a.C. foi uma reação dos patrícios ao grande poder pessoal dos reis etruscos e o meio que encontraram para estar à frente do progresso econômico da cidade. A república romana, portanto, não nasceu como um projeto de ampliação do acesso popular à atividade política, como o nome (res publica: coisa pública) sugere. A participação política foi ampliada nos séculos seguintes por pressão dos plebeus, camada social formada principalmente de pequenos proprietários.
Com a implantação da república, o Senado, controlado pelos patrícios, tornou-se a maior autoridade em Roma. Além dele, havia também as magistraturas, órgãos cujos membros tinham funções executivas. Sempre em número de dois, os magistrados eram eleitos pela Assembleia Centuriata. Como o voto nessa assembleia era censitário, o poder de decisão dos plebeus era pequeno. Insatisfeitos, eles se rebelaram. Na primeira revolta, em 494 a.C., conquistaram o direito de eleger seus próprios magistrados, os chamados tribunos da plebe.
Como se percebe, não existia em Roma do período republicano um chefe de governo, como um presidente ou um primeiro-ministro. O mais próximo a isso eram os cônsules. Com mandato de um ano, eles comandavam o exército, convocavam o Senado e presidiam os cultos públicos. Em geral, todos os cargos executivos eram exercidos por tempo determinado. Mesmo em momentos de calamidade ou guerra, quando os cônsules escolhiam um ditador, que passava a ter liberdade para conduzir os exércitos e comandar a cidade, seu poder era de apenas seis meses.
O funcionamento da república visava, portanto, dividir o poder, para que ele não se concentrasse em um indivíduo, mas, ao mesmo tempo, procurava garantir esse poder sob controle dos patrícios. As assembleias que escolhiam os magistrados eram sempre organizadas de uma maneira que garantisse aos patrícios a maioria dos votos. Por isso, a maior parte das magistraturas também era controlada pela aristocracia patrícia.
No século XV, o filósofo italiano Nicolau Maquiavel, em sua obra Discursos sobre a primeira década de Tito Lívio, afirma que “a desunião entre plebe e Senado tornou livre e poderosa a república romana”. Assim, embora pareça contraditório, a estabilidade e o crescimento de Roma decorreram do conflito social. Notem que essa percepção não era compartilhada pelos romanos daquela época. Ao contrário, eles viam esses conflitos como promotores da decadência e corrupção de Roma. Por isso, tudo se fazia para evitar os conflitos entre as classes romanas.
De certa forma, a república brasileira tem importantes semelhanças com a república romana. As diferentes camadas sociais participam do jogo político; mas cada vez mais é o poder econômico que garante a vitória dos candidatos e define a agenda política dos poderes constituídos.
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