O nascimento do fascismo na Itália está intimamente relacionado às disputas imperialistas e ao avanço do nacionalismo. A entrada da Itália nas disputas imperialistas foi um desdobramento do processo de industrialização que se desenvolveu no norte do país na segunda metade do século XIX. Com o apoio do governo, os empresários da região investiram na criação de indústrias químicas e siderúrgicas, além de ampliar a produção têxtil de seda e algodão, que continuava sendo o carro-chefe da indústria italiana.
A industrialização motivou as elites políticas e econômicas italianas a entrar na disputa imperialista por colônias na África. As primeiras conquistas da Itália ocorreram na região conhecida como Chifre da África, com a fundação das colônias da Eritreia (1883) e da Somália (1886). Depois disso, a ofensiva colonial italiana voltou-se para a Etiópia, Estado africano que, ao lado da Libéria, manteve sua soberania após a Conferência de Berlim. Ao avançar em território etíope, as forças italianas sofreram uma derrota humilhante na famosa Batalha de Adowa, em 1896, primeira vitória obtida pelos exércitos africanos sobre os colonizadores europeus.
A fracassada campanha na Etiópia feriu o orgulho de muitos italianos e atuou como combustível do nacionalismo no país. O recuo forçado das tropas italianas teve grande impacto, por exemplo, no jovem intelectual Enrico Corradini, que decidiu colocar sua produção intelectual a serviço de um projeto de vingança: construir uma grande Itália, sem divisão de classes, unida em torno de um Estado forte e protegida por um poderoso exército, era a lição revolucionária que todo italiano deveria aprender e colocar em prática.
O chamado a construir a grande Itália teve forte penetração no meio artístico e literário italiano, com destaque para o poeta Filippo Tommaso Marinetti. Em 20 de fevereiro de 1909, ele publicou, em um jornal de Paris, o Manifesto futurista, ato fundador do movimento futurista. O manifesto propunha uma arte que rompesse com o passado e celebrasse as novas conquistas tecnológicas e a velocidade das máquinas. O salto da arte para a política aconteceu após a conquista da Cirenaica e da Tripolitânia (atual Líbia), em 1911. Enviado especial na Tripolitânia, Marinetti entusiasmou-se com a guerra colonial, que via como uma campanha pela “higienização do mundo”. Dois anos depois, os futuristas publicaram seu primeiro programa político, em que pregavam uma política nacional agressiva, conquistadora, visando reconstruir a Roma imperial.
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