PESQUISAR ESTE BLOG

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Revolução Praieira (Pernambuco, 1848-1850)

No ano de 1848, em sintonia com a Primavera dos Povos que se desenrolava na Europa, ocorreu a última revolta que resistiu ao poder centralizado vindo do Rio de Janeiro: a Revolução Praieira. Um grupo de liberais pernambucanos contestava o controle político da província pelas oligarquias regionais, em especial a família Cavalcanti de Albuquerque, que tinha representantes no Partido Liberal e no Partido Conservador. Para demonstrar a insatisfação, os liberais radicais (praieiros) fundaram o jornal Diário Novo, principal veículo de comunicação da oposição, localizado na Rua da Praia, em Recife.

Com o decorrer dos anos, os políticos ligados aos praieiros obtiveram destaque no quadro político de Pernambuco, sobressaindo os seguintes líderes: Manuel Nunes Machado, Félix Peixoto de Brito e Melo, Felipe Lopes Neto, Jerônimo Vilela de Castro Tavares e Urbano Sabino Correia de Melo.

Em 1848, o Diário Novo publicou um manifesto revolucionário para a população, intitulado Manifesto ao Mundo, contendo as principais reivindicações do movimento, entre as quais merecem destaque:

• voto livre e universal; 
• plena liberdade de divulgar os pensamentos através da imprensa;
• extinção do Poder Moderador; 
• introdução do federalismo e da República no Brasil;
• reforma no Poder Judiciário.

Durante a Revolução Praieira, a temática da escravidão foi objeto de divergência. Alguns setores do movimento se manifestavam favoráveis ao abolicionismo, posição conflitante com os grupos elitistas, que participavam das manifestações apenas por questões políticas. O que se observa é que a publicação do Manifesto ao Mundo não faz uma citação direta do tema, porém uma interpretação do documento nos faz acreditar que alguns dos participantes eram simpáticos a tal causa. Exemplo desse conflito fica explícito na discussão historiográfica, caracterizada pela ausência de consenso e pelas divergências de interpretação sobre esse aspecto específico. Na abordagem de historiadores como Nelson Piletti e Cláudio Vicentino, destaca-se o empenho antiescravista do movimento, enquanto Gilberto Cotrim e Francisco M. P. Teixeira discordam dessa opinião. 

Apesar da luta armada dos praieiros pelas reformas liberais, o movimento foi massacrado pelas tropas fiéis ao Governo Federal. Alguns líderes foram presos, mas anistiados no ano de 1851.

Nenhum comentário: