A Itália participou da Primeira Guerra ao lado das nações vencedoras e não recebeu o esperado, situação que proporcionou uma grande insatisfação por parte dos italianos contra as potências mundiais. A recessão, a inflação e o desemprego, característicos do Pós-Primeira Guerra, favoreceram o avanço da esquerda italiana, que levou trabalhadores a ocuparem algumas fábricas no norte do país, implantando a gestão operária. A movimentação foi tanta que os anos de 1919 e 1920 ficaram conhecidos como biênio vermelho.
Diante de tal quadro, Benito Mussolini, ex-membro do Partido Socialista, que havia aderido à extrema-direita, fundou o Fascio di Combattimento e o Squadri, grupos armados que perseguiam os socialistas. Tanto o governo quanto a burguesia italiana, temerosos quanto ao socialismo, financiavam secretamente Mussolini, para que ele continuasse a reprimir os movimentos operários e socialistas dentro da Itália. O financiamento da direita possibilitou que fosse fundado o Partido Nacional Fascista em 1921, que contava com mais de 200 mil filiados. No ano seguinte, milhares de fascistas, os “camisas negras”, realizaram a famosa Marcha sobre Roma, exigindo a participação de Mussolini no governo.
Naquele mesmo ano, cedendo às pressões, o rei Vitor Emanuel III nomeou Mussolini para o cargo de primeiro-ministro. Inicialmente, o líder dos fascistas formou um ministério de coalizão com as diversas forças políticas italianas, mas, com o tempo, foi substituindo os membros do governo por fascistas. Um dos principais inimigos de Mussolini era o deputado socialista Giacomo Matteotti, assassinado em junho de 1924. Aproveitando-se do momento, os fascistas implantaram um conjunto de leis de exceção, eliminando toda a oposição, fechando jornais, prendendo ou expulsando deputados opositores ao regime.
Em 1927, Mussolini obteve uma de suas grandes vitórias políticas. Naquele ano, foi instituído na Itália um novo conjunto de leis trabalhistas, a Carta del Lavoro, que, se por um lado, reduzia a jornada para oito horas de trabalho, concedia seguro contra acidentes e regulamentava o trabalho noturno e perigoso, por outro lado, eliminava os sindicatos e proibia as greves. Baseada nos princípios do corporativismo, a Carta del Lavoro tinha uma clara proposta conciliadora, pois, apesar de atender parte dos anseios dos operários – evitando assim o fortalecimento da esquerda –, o governo de Mussolini agradava aos patrões, que ficavam protegidos das mobilizações trabalhistas.
Em 1929, procurando obter o apoio da Igreja Católica e, logo, da ala conservadora da sociedade, Mussolini foi além, assinando o Tratado de Latrão, que se propunha a resolver uma questão histórica na Itália. Durante a unificação italiana, houve a tomada das terras da Igreja pelo Estado italiano, gerando, entre eles, um conflito chamado Questão Romana.
Servindo como uma retratação, o Tratado de Latrão indenizava a Igreja pelas terras perdidas durante a unificação (já que seria impossível devolvê-las), instituía o ensino religioso obrigatório nas escolas e criava o Estado do Vaticano, considerado o menor Estado do mundo, mas, ao mesmo tempo, um dos mais ricos. Sua extensão territorial corresponde ao tamanho de uma praça na cidade de Roma.
Utilizando-se de medidas conservadoras e autoritárias, o governo fascista italiano conseguiu, gradativamente, desmobilizar a esquerda e conquistar o respaldo de boa parte da população. Após a Crise de 1929, que também afetou a Itália, o prestígio da ditadura de Mussolini aumentou ainda mais, fato que possibilitou a expansão das ações militaristas italianas, um dos fatores responsáveis pelo início da Segunda Guerra Mundial.
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