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sexta-feira, 18 de fevereiro de 2022

Fascismo alemão

A Alemanha vivia uma enorme crise política e econômica após a Primeira Guerra, devido às péssimas condições impostas pelo Tratado de Versalhes e à obrigação de pagar pesada indenização de guerra, o que canalizava a insatisfação popular. Em 1919, ocorreu em Berlim, capital da Alemanha, uma rebelião popular comandada por um grupo de extrema-esquerda que tentou tomar o poder no país, a Liga Espartaquista. A tentativa foi frustrada, e os principais líderes, como Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht, foram presos e assassinados.

Diante da ameaça da esquerda, surgiu, em 1919, um grupo político de orientação fascista que mais tarde se denominou Partido Nacional Socialista dos Trabalhadores Alemães ou, simplesmente, Partido Nazista (apesar do nome do Partido, não devemos imaginar que ele defendia o trabalhador ou o socialismo). Em 1923, inspirados em Mussolini, que havia chegado ao poder na Itália no ano anterior, os nazistas tentaram dar um golpe de Estado que ficou conhecido como Putsch de Munique. Adolf Hitler, a principal figura do Partido, foi preso e condenado a cinco anos de prisão, da qual saiu no final de 1924.

Durante esse tempo, Hitler escreveu Mein Kampf (Minha Luta), obra que sintetiza a ideologia nazista. O livro faz apologia ao expansionismo alemão, alegando que os povos germânicos precisavam de espaço para desenvolver suas potencialidades, o espaço vital. Defendia também a crença na superioridade da etnia ariana, ideias que foram bem aceitas em diversos setores alemães e tornaram Hitler conhecido nacionalmente.

Em 1923, após a contenção do levante nazista, os franceses ocuparam a região do Vale do Ruhr, um importante centro industrial alemão, com o objetivo de forçar os alemães a pagarem a indenização de guerra. O governo, vivendo uma crise econômica, foi obrigado a emitir papel-moeda em grande volume, levando à desvalorização do marco alemão e a uma espiral inflacionária. A recuperação econômica só foi possível graças aos Planos Dawes e Young, investimentos estadunidenses na Alemanha que acabaram diminuindo o interesse pelas teses de Hitler e fizeram com que o nacionalsocialismo tivesse uma significativa queda nas votações.

Com a Quebra da Bolsa de Nova Iorque, entretanto, cessaram-se os investimentos dos Estados Unidos, levando a uma crise maior do que a anterior. A inflação voltou a subir e o desemprego deu um salto assombroso, chegando a um número em torno de seis milhões de desempregados em 1932. Dessa forma, o prestígio dos nazistas voltou a crescer, e a desesperança da população em relação à democracia e ao liberalismo, associada ao medo da esquerda, fez com que parcelas das massas de trabalhadores e as elites apoiassem os nazistas.

Nas eleições de 1932, Hitler concorreu à Presidência da Alemanha com o marechal Hindenburg, que saiu vencedor. Apesar disso, o partido vitorioso nas eleições foi o nazista, que ocupou a maioria das cadeiras no Reischstag, o Parlamento alemão. Inicialmente, Hindenburg nomeou Von Papen para o cargo de chanceler (primeiro-ministro alemão), o que não agradava à maioria nazista parlamentar.

Para obter o apoio dos nazistas e conseguir governar, Hindenburg cedeu às pressões parlamentares e, em 1933, nomeou Hitler para o cargo de chanceler: finalmente os nazistas estavam no poder. Em fevereiro desse mesmo ano, os nazistas incendiaram o Reischstag e culparam os comunistas, o que permitiu a Hitler colocar a esquerda alemã na ilegalidade. A Constituição foi anulada e começaram a surgir os primeiros campos de concentração para os presos políticos do Estado.
Na noite de 30 de junho para 1º de julho de 1934, ocorreu a Noite dos Longos Punhais, quando, por ordem de Hitler, tropas da SA (Stürmabteilungen, Tropas de Assalto) foram massacradas pelo Exército alemão e por tropas da SS (Schutzstaffel, Tropas de Proteção). A SA era um grupo paramilitar que, inicialmente, tinha função de guarda pessoal de Hitler, mas que passara a discordar das suas ações. Para ter o apoio do Exército, que se sentia ameaçado pela SA, Hitler ordenou a morte de milhares de seus membros e de seu líder, Roehm, que fora seu amigo pessoal.

Em agosto de 1934, Hindenburg morreu e, autoritariamente, Hitler passou a acumular as funções de primeiro-ministro e presidente, tornando-se senhor absoluto na Alemanha, o Führer. A partir de então, o líder alemão passou a ter autoridade suficiente para tomar atitudes como: criar a Gestapo (polícia política secreta), extinguir todos os partidos, com exceção do nazista, e impor um pensamento uniformizado, mediante uma intensa e coordenada propaganda. Fortaleceu-se o culto a Hitler e surgiram as Leis de Nuremberg (1935), que negavam a cidadania aos judeus.

No campo econômico, houve o confisco dos investimentos estrangeiros, estimulando a agricultura e a indústria, além da montagem da máquina de guerra alemã, desrespeitando o disposto no Tratado de Versalhes, o que acabou por contribuir para o aquecimento da economia e o combate ao desemprego. Por outro lado, as ações de Hitler eram uma ameaça à ordem europeia e, por desrespeitar o Tratado de Versalhes, o Führer alemão foi um dos principais responsáveis pelos embates que deram início à Segunda Guerra.

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