A Revolta de Felipe dos Santos ocorreu devido à rigidez metropolitana na elaboração de instrumentos eficazes para a cobrança tributária na região das Minas. Sua origem está relacionada à proibição da circulação de ouro em pó por parte da Coroa portuguesa no ano de 1720.
Nesse período, foi determinada a transformação de todo ouro circulante em barras nas casas de fundição, evitando a sonegação do quinto, imposto referente a 20% da produção aurífera. A notícia da implantação das casas de fundição e da proibição da circulação do ouro em pó, demonstrando um Estado português cada vez mais atuante e mercantilista no trato com as Minas, levou à eclosão de um levante armado que contou com a participação de, aproximadamente, dois mil mineradores e teve a liderança de Pascoal da Silva Guimarães, rico português que sofria as pressões do fisco da Coroa. A Revolta de Vila Rica se voltou contra o conde de Assumar, governador recém-chegado a Minas e conduzido ao cargo com o intuito de impor as ordens vindas de Portugal.
O governador, não podendo reagir imediatamente contra os revoltosos, já que não detinha força militar para restabelecer a ordem, aceitou as reivindicações dos mineradores contra as leis metropolitanas. Porém, assim que conseguiu tropas suficientes, o conde de Assumar massacrou os revoltosos e ordenou a queima de suas casas. Felipe dos Santos, português pobre e considerado uma das lideranças dos setores menos favorecidos do movimento, foi condenado à morte, sendo enforcado e esquartejado em plena Vila Rica, como demonstração de força da Coroa portuguesa. As casas de fundição foram efetivamente implantadas em 1724, e a capitania de Minas foi separada da capitania de São Paulo, com o intuito de ampliar o controle administrativo na região.
A Revolta de Vila Rica representou um prelúdio do atrito entre colonos e metrópole no conturbado universo social da mineração, repleto de crises e conflitos, que culminou na tentativa de sedição ocorrida em 1789 com a Inconfidência Mineira.
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