Ocorrida em Pernambuco, a Guerra dos Mascates representou uma consequência da decadência da produção açucareira da região de Olinda, desde o início da concorrência holandesa nas Antilhas. A aristocracia de Olinda, anteriormente rica e poderosa, vivia uma situação de crise econômica. Para manter o status, costumava pedir empréstimos aos comerciantes portugueses de Recife, cidade marcada por uma profunda expansão econômica desde a presença holandesa na região, na primeira metade do século XVII, e cujos moradores eram tratados pejorativamente de mascates pelos olindenses. Já os cidadãos de Recife chamavam os fazendeiros de Olinda de pés-rapados, já que viviam em plena decadência e pobreza. Dessa forma, pode-se constatar que a elite de Olinda, fragilizada pela perda do poder econômico, encontrava-se prestes a também ver a diminuição de seu domínio político.
Em 1709, devido ao desenvolvimento econômico de Recife, o rei Dom João V elevou a região à condição de vila, o que desagradou os olindenses, já que a emancipação de Recife daria maior poder aos fortalecidos comerciantes. Quando se iniciou a demarcação da separação das duas vilas, teve início o conflito, sendo os recifenses chefiados por João da Mota, enquanto os olindenses eram coordenados por Bernardo Vieira de Melo. Nas primeiras batalhas, o governador de Pernambuco, Sebastião de Castro e Caldas, foi atingido por um tiro na perna e fugiu para a Bahia, deixando para trás uma tensa situação entre as duas cidades, que se armaram para novos conflitos. A guerra entre esses grupos assumiu uma postura antilusitana, visto que a maioria dos habitantes de Olinda nascera no Brasil, e os comerciantes de Recife eram portugueses. A solução só veio com a nomeação, em 1714, de um novo governador, Felix José Machado de Mendonça, que anistiou os envolvidos no conflito e confirmou a autonomia da vila de Recife perante Olinda.
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