ENEM 2022 - 10 de maio
Fui na delegacia e falei com o tenente. Que homem
amavel! Se eu soubesse que ele era tão amavel, eu teria
ido na delegacia na primeira intimação. [...] O tenente
interessou-se pela educação dos meus filhos. Disse-me
que a favela é um ambiente propenso, que as pessoas tem
mais possibilidade de delinquir do que tornar-se util a
patria e ao país. Pensei: se ele sabe disto, porque não faz
um relatorio e envia para os politicos? O Senhor Janio
Quadros, o Kubstchek, e o Dr. Adhemar de Barros? Agora
falar para mim, que sou uma pobre lixeira. Não posso
resolver nem as minhas dificuldades.
...
O Brasil precisa ser dirigido por uma pessoa que já
passou fome. A fome tambem é professora.
Quem passa fome aprende a pensar no próximo, e nas
crianças.
JESUS, C. M. Quarto de despejo: diário de uma favelada.
São Paulo: Ática, 2014.
A partir da intimação recebida pelo filho de 9 anos, a
autora faz uma reflexão em que transparece a
a) lição de vida comunicada pelo tenente.
b) predisposição materna para se emocionar.
c) atividade política marcante da comunidade.
d) resposta irônica ante o discurso da autoridade.
e) necessidade de revelar seus anseios mais íntimos.
RESPOSTA:
Letra D.
Em Quarto de despejo, a narradora apresenta um contundente relato de sua vida em uma favela paulistana. Apesar de tal relato ser feito na forma de diário, gênero particularmente favorável à expressão de anseios íntimos, o que fica evidente é a ironia a partir da menção da suposta amabilidade da autoridade.
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