Situação geográfica
O Reino do Congo estava situado na África Central, entre o extremo sul da floresta equatorial e a fronteira sul do congo. Era um reino muito vasto e tinha os seguintes limites:
• A Norte era limitado pelo rio Ogwé, no Gabão
• A Sul era limitado pelo rio Cuanza
• A Este era limitado pelo rio Cuango, afluente do Zaire
• A Oeste era banhado pelo Oceano Atlântico
O antigo território do Reino do Congo abrangia regiões que atualmente estão integradas nos seguintes países: Gabão, Congo-Brazzaville, Congo Democrático e Angola.
O fundador deste vasto reino foi Nimi-a-Lukeni, um rei guerreiro, conquistador e poderoso. Com o seu pequeno grupo atravessou o rio Zaire e fixou-se na sua margem esquerda. Reuniu à sua volta os povos já encontrados e formou o Reino do Congo. O rei Nimi-a-Lukeni era também conhecido por Ntinu Wene ou Ntotela.
Gravura representando a cidade de Mbanza Kongo, a antiga capital do Reino do Congo. |
Organização do Reino do Congo
Como conseguiu o rei controlar um território tão vasto como o Reino do Congo? Dividiu o seu reino em seis províncias e aldeias. Os governadores das províncias, ou Mani, eram parentes direitos do rei. Estes administravam as províncias e tinham a função de recolher o tributo pago pelos
chefes das aldeias, as multas e as indemnizações e encaminhá-los para
o tesouro real.
A capital desse grande reino era Mbanza Congo, e era lá onde residiam
o rei e os funcionários da sua corte.
A organização social do Reino do Congo
Os aristocratas chamavam-se Mani. Os Mani eram os chefes que administravam as províncias e os distritos do reino. Todos os lugares de
comando eram ocupados pelos Mani: comando militar, comando administrativo e comando religioso.
Eram eles que cobravam os impostos ao povo, recrutavam gente para o
exército e para os trabalhos da comunidade ou trabalhos do rei. Eram os
Manis que faziam a justiça.
Por sua vez, os Mani pagavam impostos ao rei e dependiam da sua autoridade. Quando o rei quisesse podia nomear ou destituir o Mani. O rei
tinha um poder quase absoluto.
Outra parte da população era formada por artesãos, que faziam trabalhos de ferro e de madeira.
No Reino do Congo, a propriedade da terra era comum, quer dizer que
a terra pertencia a todas as pessoas do mesmo clã (kanda) – mas as melhores terras eram para a aristocracia.
Embora as terras fossem propriedade comunitária, cada homem livre com
a sua família recebia uma lavra. Tudo o que fosse produzido nessa lavra
pertencia ao homem e não à comunidade. Portanto, o trabalho e o produto eram da conta do chefe de cada família.
As lavras e os outros bens não passavam de pais para filhos por morte
dos pais, porque quem herdava eram os irmãos ou os sobrinhos do falecido. Esta forma de agir chamava-se direito matrilinear.
Assim, no Reino do Congo predominava a propriedade comunitária, mas
no seio da classe rica já estava a nascer a propriedade privada.
Atividades económicas principais
A economia do reino assentava numa agricultura relativamente bem desenvolvida. Cultivava-se de tudo um pouco: milho, feijão, banana, palmeira, etc. A agricultura era feita em grandes terrenos.
O trabalho de ferro (metalurgia) desempenhava um papel muito importante no Reino do Congo.
Os ferreiros trabalhavam para a aristocracia e
chegavam mesmo a criar associações de ferreiros. Fabricavam armas,
instrumentos para a agricultura, para caça etc. Outra parte da população
trabalhava no artesanato e no comércio.
O comércio
A economia do Reino do Congo era muito rica. Produzia-se muito, tanto
na agricultura como no artesanato. Por isso, havia sempre produtos que
sobravam. Com esses produtos excedentes podia fazer-se o comércio ou
a troca por outros produtos que não havia na região.
As margens do rio Zaire e a costa do oceano Atlântico eram os locais
onde se fazia mais comércio, mas por terra também se fazia comércio
com os reinos vizinhos.
Em certas épocas do ano organizavam-se mercados locais onde eram
trocados vários produtos.
No Reino do Congo havia moeda,
mas não era como a moeda de hoje.
A moeda conguesa eram conchas do
mar chamadas nzimbu.
Moeda nzimbu. |
O nzimbu era uma concha pequena que era apanhada na ilha de Luanda. Naquela época, a ilha de Luanda era propriedade exclusiva do rei do Congo, controlada por alguns nobres da corte. O nzimbu recolhido na ilha
de Luanda era enviado para a capital do reino (Mbanza Congo) e servia
de moeda para todas as transacções comerciais. O sal-gema vinha da
Quissama.
O comércio a longa distância era também controlado pelo rei.
Com a chegada de Diogo Cão em 1482, os Portugueses foram penetrando pouco a pouco no território do Reino do Congo, que assim foi perdendo a sua hegemonia.
Mpangu-a-Nimi Lukeni lua Mvemba (D. Á lvaro I), rei do Kongo, e a sua corte recebendo uma embaixada de dignitários europeus, numa gravura holandesa do século XVII. |
O acordo amigável de cooperação assinado entre o rei Nzinga-a-NKuwu e os portugueses fez com que estes se envolvessem cada vez mais na vida do reino, causando assim a confusão e a desordem entre os congueses e enfraquecendo deste modo as estruturas políticas, económicas e sociais do Reino do Congo.
Fonte: Manual de História – 6.ª Classe (Actualização Curricular).
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