Humanismo: O humanismo foi resgatado dos textos da Antiguidade Clássica por estudiosos como Petrarca e Bocaccio. Até o século XIV, a leitura e a interpretação desses textos estiveram, em grande parte, controladas pela Igreja, e a retomada deles proporcionou uma alteração na visão a respeito do papel do homem no mundo. A partir de então, o estudo das atividades humanas passou a ser preponderante nas universidades, que se afastavam do teocentrismo medieval e assumiam uma postura cada vez mais laica. O estudo das obras de Heródoto, Platão e Homero ampliou o conhecimento sobre as línguas antigas, permitindo também um aprofundamento nos estudos bíblicos. Vários dos humanistas se dedicaram às questões religiosas, como Erasmo de Rotterdam, que fez uma importante tradução grega do Novo Testamento.
Antropocentrismo: A valorização das atividades humanas veio acompanhada
da postura antropocêntrica. Buscando se opor ao
teocentrismo medieval, o homem do Renascimento
acreditava ser o centro das atenções e o sujeito fundamental
para a explicação dos elementos que o rodeavam. Dessa
maneira, somente ele poderia decidir seu próprio destino
e suas ações deveriam ser glorificadas. Apesar desta
convicção renascentista, não se deve acreditar em uma
postura radical em relação ao teocentrismo medieval, uma
vez que, ainda naquele momento, a mentalidade religiosa
se fazia muito presente.
Racionalismo: A valorização da razão foi uma decorrência das
transformações observadas ao final do Período Medieval.
Fatores como o desenvolvimento do comércio e das atividades
financeiras na Baixa Idade Média trouxeram a necessidade dos
cálculos das distâncias, do tempo, dos lucros e dos prejuízos.
A postura humanista e antropocêntrica colaborou para isso
ao considerar o uso da razão como a marca definidora do
homem. As verdades, antes buscadas principalmente a partir
do viés religioso, poderiam agora ser alcançadas a partir
da análise racional que se opunha à rigidez dos dogmas
da Igreja, gerando, assim, conflitos entre o clero e alguns
estudiosos renascentistas.
Postura crítica: Oriundo do racionalismo, o crescimento da postura
crítica também foi uma característica do Renascimento.
A desconfiança em relação às tradições e às verdades impostas
pela autoridade clerical gerou importantes mudanças naquele
contexto. Sendo assim, críticas ao clero, aos valores medievais
e à realidade da época passaram a ser mais comuns, apesar
da repressão e censura típicas do período.
Individualismo: A postura individualista, típica do homem renascentista e oposta ao coletivismo medieval, pode ser associada ao crescimento da atividade comercial e urbana ainda na Idade Média. O homem do Renascimento se via como distinto do coletivo e detentor de características específicas que o diferenciava dos demais. Como exemplo dessa postura, pode ser citado o fato de as obras de arte do Renascimento serem assinadas por seus autores. O nome, característica individual, presente no quadro chama a atenção para aquele que executou a obra.
Naturalismo: A valorização da natureza e do seu estudo também
foi uma característica do Renascimento. Se para muitos
homens medievais a natureza era fonte de medo, para
os renascentistas, ela deveria ser investigada. Através
da observação dos fenômenos naturais, portanto, os
renascentistas puderam aguçar seus conhecimentos
científicos , assim com o o seu espírito crítico .
A natureza humana também foi alvo de preocupações,
o que fez com que surgissem estudos mais aprofundados
sobre o corpo humano. Os estudos sobre o universo e seu
funcionamento também foram comuns, dando origens a
teorias como a heliocêntrica.
Retomada dos valores Clássicos: A revalorização da cultura greco-romana orientou a
postura do homem do Renascimento, principalmente no
que se refere à valorização da razão. Textos de Platão e de
Aristóteles sofreram novas interpretações que se afastavam
daquelas defendidas pela Igreja. É válido ressaltar que
essas obras não haviam sido completamente abandonadas durante a Idade Média, tendo sido preservadas nos mosteiros
medievais. O humanista Leonardo Bruni afirmou que seria
necessário “trazer à luz a antiga elegância de estilo que se
perdera e extinguira”.
Universalismo: A crença em sua capacidade fazia com que o homem do
Renascimento se dedicasse às mais diversas atividades.
A especialização em uma determinada área, comum no mundo
atual, se contrasta com a postura renascentista, que defendia
que o homem universal poderia se destacar em várias áreas
do conhecimento humano. Leonardo da Vinci, que era pintor,
arquiteto, poeta, engenheiro e escultor, chegou a afirmar:
Já fiz planos de pontes muito leves [...] sou capaz de desviar
a água dos fossos de um castelo cercado [...] Conheço os
meios de destruir seja que castelo for [...] Sei construir
bombardas fáceis de deslocar [...] galerias e passagens
sinuosas que se podem escavar sem ruído nenhum [...],
carros cobertos, inatacáveis e seguros, armados com
canhões. Estou [...] em condições de competir com qualquer
outro arquiteto, tanto para construir edifícios públicos ou
privados como para conduzir água de um lugar para outro.
E, em trabalhos de pintura ou na lavra do mármore, do
metal ou da argila, farei obras que seguramente suportarão
o confronto com as de qualquer outro, seja ele quem for.
VINCI, Leonardo da. In: DELUMEAU, Jean. A Civilização do
Renascimento. Lisboa: Editorial Estampa,
1984. vol. 1. p. 154.
Hedonismo: A busca pelo prazer foi marca do homem moderno, tendo a
valorização do mundo temporal e da vida terrena incentivado
a procura por prazeres intelectuais e materiais. Os prazeres
mundanos foram colocados em destaque, e a preocupação
com o tempo humano passou a conviver com o tempo da
eternidade, aquele posterior à morte, vinculado ao cristianismo.
Mecenato: O incentivo financeiro foi comum para a produção das obras
do Renascimento. Diversos grupos sociais desejavam ver os
seus valores representados pelos artistas do período. Igreja,
burguesia e nobreza financiavam pinturas e esculturas com
a intenção de exaltar seus hábitos e sua visão de mundo.
No caso da burguesia, essa necessidade estava vinculada
ao desejo dos burgueses de ascenderem a um novo status
social em meio a uma Europa ainda marcada pela presença
de valores aristocráticos.
Busca pela perfeição: As noções de harmonia e simetria são características do Renascimento. A busca pela perfeição e pelo realismo nas obras colaborou para o aprimoramento das técnicas de representação, como a noção de perspectiva, que foi fundamental para as representações mais fiéis da realidade. Os estudos do corpo humano também foram aperfeiçoados, permitindo que a anatomia humana, em seus detalhes, pudesse ser representada nas obras de arte.
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