Com base no texto a seguir de Friedrich Engels, contraponha o trabalho do operário ao trabalho de subsistência exercido em sociedades tradicionais indígenas. “Consideramos até aqui a alienação, a espoliação do operário, só sob um único aspecto, o de sua relação com os produtos de seu trabalho. Ora, a alienação não aparece somente no resultado, mas também no ato da produção, no interior da própria atividade produtora. Como o operário não seria estranho ao produto de sua atividade se, no próprio ato da produção, não se tornasse estranho a si mesmo? Com efeito, o produto é só o resumo da atividade da produção. Se o produto do trabalho é espoliação, a própria produção deve ser espoliação em ato, espoliação da atividade, da atividade que espolia. A alienação do objeto do trabalho é só o resumo da alienação, da espoliação, na própria atividade do trabalho.”
ENGELS, F. Esboço de uma crítica da economia política. In: Os filósofos através dos textos: de Platão a Sartre. São Paulo: Paulus, 1997. p. 250.
Espoliação: do latim spoliatio, “pilhagem”, “roubo”, “usurpação”.
RESPOSTA:
Para Engels, o operário, além de não ser dono daquilo que
produz, está alienado do ato de produção que ele mesmo
executa. Isso quer dizer que, nas fábricas, o operário deixa
de ser centro de si mesmo, tornando-se uma espécie de
engrenagem do processo. Se analisarmos as condições
de trabalho nas fábricas da época em que Engels escrevia (século XIX), podemos constatar que os operários se
tornaram instrumentos de exploração e foram espoliados
de sua liberdade e de sua criatividade durante a atividade
produtiva. Já o trabalho de subsistência dos indígenas nas
sociedades tradicionais baseia-se tanto na não alienação
daquilo que se produz, porque tem como finalidade o
consumo do próprio grupo, quanto na não alienação do
ato de produção, uma vez que os indígenas depositam
nessas atividades suas próprias motivações.
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