Devido à sua proximidade com a Igreja, a cultura medieval foi durante muito tempo vista como inferior àquelas que lhe antecederam e sucederam. Essa visão, contudo, pode ser contestada com base em uma análise de aspectos dessa cultura.
A cultura medieval alcançou seu apogeu na construção das grandes catedrais, igrejas de cada diocese e normalmente a residência dos bispos. Algumas delas demoraram um século para serem construídas e, na sua construção, era necessário o trabalho de arquitetos e pedreiros remunerados. Dos séculos X ao XII, predominou o estilo românico, caracterizado pela horizontalidade e pelo caráter de fortificação. O material básico utilizado era a pedra e na sua estrutura eram incorporadas esculturas e murais.
A partir do século XII, o estilo gótico ganhou força. Sua característica principal era a verticalidade. A altura das torres apontando para o céu reforçava a grandeza da Igreja Católica. A luz era restrita e penetrava parcialmente pelos vitrais coloridos que retratavam símbolos sagrados.
Na Filosofia medieval, o pensamento foi influenciado pelas obras de Santo Agostinho até o século XI. A partir desse período, as obras de São Tomás de Aquino passam a dominar a Filosofia na Idade Média. Através da redescoberta das obras de Aristóteles, sua teoria pretendia promover a conciliação entre a fé e a razão. Na Escolástica, forma de pensamento que predominou na Baixa Idade Média, tentava-se promover a junção entre a Teologia e a Filosofia. As universidades medievais foram importantes centros de difusão do pensamento de Tomás de Aquino.
O surgimento das primeiras universidades estava relacionado ao desenvolvimento da vida urbana e do comércio, afinal, a necessidade do estudo de Direito e da formação de funcionários mais qualificados e preparados para as novas funções que surgiram nesse contexto colaborou para a fundação dessas instituições. Inicialmente controladas pela Igreja, as universidades se multiplicaram na Baixa Idade Média por toda a Europa. A primeira delas foi a de Bolonha, na Itália, fundada em 1088.
A despeito dos preconceitos vinculados à Idade Média, atualmente a cultura popular vem sendo alvo de inúmeros estudos por parte dos historiadores. A vida do camponês medieval era marcada por uma diversidade de manifestações culturais, como as festas. Nelas, o camponês conseguia subverter a rígida hierarquia por um breve período. A Igreja e os senhores eram ridicularizados em festas como a do “Asno” ou a dos “Tolos”. O conhecimento dessas manifestações revela um lado alegre e festivo do mundo feudal e que fugia às convenções determinadas pela Igreja. O carnaval também tem sua origem na Idade Média e representava um período de transgressão, aceito pela própria Igreja, que antecederia a quaresma, período de penitência.
A representação a seguir, do século XVI, revela esse aspecto do cotidiano do camponês europeu. Produzida por Pieter Brueghel, no contexto da Reforma Protestante, a imagem ironiza o conflito entre as práticas mundanas e religiosas, simbolizadas, respectivamente, pelo carnaval e pela quaresma.
Nenhum comentário:
Postar um comentário