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quinta-feira, 17 de fevereiro de 2022

Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates (Bahia, 1798)

Das insurreições que ocorreram durante o Período Colonial, aquela que apresentou um caráter mais popular foi a Conjuração Baiana, que, além de ter a participação de médicos, advogados e comerciantes, teve o apoio de ex-escravos, sapateiros e vários alfaiates, motivo pelo qual ficou também conhecida como Revolta dos Alfaiates.

As razões que provocaram a eclosão do movimento foram variadas. Em termos estruturais, depois da decadência da produção açucareira no Nordeste, a primeira capital brasileira já não apresentava todo o seu esplendor, ainda mais quando o eixo econômico do Brasil havia se deslocado para o Sudeste. Isso ocorreu devido à exploração do ouro, levando à transferência da capital brasileira por Pombal para o Rio de Janeiro em 1763. Com uma carga tributária elevada recaindo sobre uma população pobre, as ideias de liberdade começaram a se ampliar cada vez mais. As notícias da Revolução Francesa, junto com as ideias iluministas, percorriam cada vez mais o círculo da população baiana, que já vislumbrava o sucesso de episódios como a Independência americana e a revolução dos escravos ocorrida no Haiti, que acabou por culminar na independência da região em 1793.

Essas informações eram discutidas em sociedades secretas, que conspiravam contra as autoridades portuguesas, destacando o grupo conhecido como Cavaleiros da Luz, coordenado pelo farmacêutico Figueiredo Melo. No momento em que se estabeleceu o interesse comum das classes em realizar uma conspiração e em promover a sedição, a discussão partiu para as mudanças internas que deveriam ser postas em prática. Os grupos populares insistiam em promover algumas reformas sociais após a ruptura, levando os grupos da elite a se afastar da direção do movimento.

Entre os líderes do levante, podemos citar os alfaiates João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira, os soldados Lucas Dantas de Amorim Torres, Luís Gonzaga das Virgens e Romão Pinheiro, o padre Francisco Gomes, o farmacêutico João Ladislau de Figueiredo, o professor Francisco Barreto e o médico Cipriano Barata.

Entre as principais ideias defendidas pelo motim, encontram-se o fim da escravidão, o aumento de salário para os soldados e a formação de um governo republicano, além do desejo de emancipação frente à Coroa portuguesa.

Apesar do radicalismo presente nas ideias da Conjuração Baiana, nota-se uma ausência de organização na preparação da conspiração. Os revolucionários, no dia 12 de agosto de 1798, fixaram panfletos nos principais prédios públicos e nas igrejas, convidando as pessoas a participarem da rebelião. Rapidamente o governador conseguiu informações, através de denúncias, sobre os líderes da rebelião, prendendo mais de uma dezena de pessoas. Muitos deles foram condenados ao enforcamento e ao esquartejamento, como João de deus, Manuel Faustino, Lucas Dantas e Luís Gonzaga. Os membros da elite foram condenados a penas menores ou foram apenas inocentados.

A Inconfidência Baiana foi marcada pela mescla de interesses políticos de emancipação, comum a muitos setores da sociedade colonial do século XVIII, e pelas propostas de cunho social que acarretariam possíveis transformações na lógica estrutural do si s tema econômico, construído durante os séculos de colonização portuguesa. O fracasso do movimento não escondeu a ansiedade dos setores menos privilegiados da sociedade por lutar por um sistema mais justo no Brasil no final do regime colonial.

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