Questão 01 -UNICENTRO 2011/2 - Quando, girando e rodando, de oriente para ocidente, meia-volta perfeita foi completada, a península começou a cair. Nesse preciso instante, e em sentido absolutamente rigoroso, se podem as metáforas, como transportadoras do literal sentido, ser rigorosas, Portugal e Espanha foram dois países de pernas para o ar.
SARAMAGO. José. A jangada de pedra. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 277.
A partir da leitura do fragmento e da obra em sua totalidade, é correto afirmar que, da análise de “A jangada de pedra”, a única afirmativa sem comprovação no contexto é a
a) O texto pode ser considerado uma epopeia do povo ibérico, que se vê separado do continente europeu.
b) O percurso da jangada de pedra — durante toda a narrativa, é confuso e, a todo momento, muda de direção.
c) O título da obra faz referência ao fato insólito do deslocamento da Península Ibérica pelo Oceano Atlântico em direção à América.
d) A representação da jangada de pedra e de suas mudanças de rota não interfere no destino dos povos ibéricos, que mantêm seus valores, sua cultura e suas expectativas.
e) A metáfora de Portugal e Espanha de “pernas para o ar” sugere o caos em que esses dois países se encontravam com o desligamento da Península Ibérica do restante do continente europeu.
Questão 02 - UNICENTRO 2012/1 - Desce a península, mas desce devagar. Os sábios, ainda que com muita prudência, preveem que o movimento está prestes a cessar, fiados da universal evidência de que se o todo, como tal, nunca para as partes que o compõem hão de parar alguma vez, sendo demonstração deste axioma a vida humana, riquíssima, como se sabe, em possibilidades comparativas. Com tal anúncio da ciência, nasceu o jogo do século, uma ideia que terá surgido praticamente ao mesmo tempo em todo o mundo, e que consistiu no estabelecimento de um sistema de aposta dupla sobre o momento e o lugar em que se verificará a suspensão do movimento, uma hipótese para se compreender melhor, às dezassete horas, trinta e três minutos e quarenta e nove segundos, hora local do apostador, claro está, e o dia, mês e ano, e as coordenadas, limitadas à indicação do meridiano, em graus, minutos e segundos, servindo como referência o já mencionado cabo Creus. Estavam em causa triliões de dólares, e se alguém viesse a acertar em ambos os resultados, isto é, o preciso momento e o exacto lugar, o que, segundo o cálculo de probabilidades era pouco menos que impensável, essa pessoa de uma presciência quase divina ver-se-ia de posse da maior riqueza que alguma vez foi possível reunir sobre a face de uma terra que tem visto tantas. Compreende-se que nunca tenha havido jogo mais terrível do que este, porque em cada minuto que passa, em cada milha percorrida, vai-se reduzindo o número de apostadores com probabilidades de ganhar, devendo em todo o caso notar-se que muitos dos excluídos voltam a apostar, fazendo assim crescer o bolo a cifras que já são astronômicas. Claro que nem todas as pessoas conseguem reunir dinheiro para uma nova aposta, claro que muitas delas não encontram outra saída para o estado de ruína em que caíram que não seja o suicídio.
SARAMAGO. José. A jangada de pedra. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 181-182.
A partir da leitura do fragmento e da obra “Jangada de pedra” em sua totalidade, analise as afirmações, assinalando V para as verdadeiras e F, para as falsas.
( ) O deslocamento da Península Ibérica do restante do continente europeu pode sugerir a indiferença da sociedade europeia em relação às nações ibéricas.
( ) A separação da Península inicia-se a partir do momento em que uma personagem traça uma linha no chão com uma vara de madeira, criando uma analogia imaginária com uma fronteira no mapa.
( ) A expectativa do povo, através das apostas quanto ao lugar e ao momento preciso em que a “Jangada de pedra” iria parar de se deslocar, concretiza-se ao longo do enredo.
( ) O fragmento em destaque evidencia a angústia e as dúvidas do povo ibérico em relação ao deslocamento da Península, ao contrário da postura das autoridades, que já sabiam a solução para o problema.
( ) A “Jangada de pedra”, para os sábios, haveria de parar, pois um dia seria considerada como um novo continente diferente do seu de origem. A alternativa que contém a sequência correta, de cima para baixo, é a
a) F F V F V
b) V F F F V
c) V V F F F
d) F F V V F
e) V V F F V
Questão 03 - UNICENTRO 2013/2 - Quantas vezes passaram por aqui peste e guerra, terramotos e incêndios, e sempre esta terra envolvente ressurgiu do pó e das cinzas, fazendo do amargo sofrimento doçura de viver, da tentação barbárica civilização, campo de golfe e piscina, iate na marina edescapotável no cais, o homem é a mais adaptável das criaturas, principalmente quando vai para melhor. Ainda que não seja lisonjeiro confessá-lo, para certos europeus, verem-se livres dos incompreensíveis povos ocidentais, agora em navegação desmastreada pelo mar oceano, donde nunca deveriam ter vindo, foi, só por si, uma benfeitoria, promessa de dias ainda mais confortáveis, cada qual com seu igual, começámos finalmente a saber o que a Europa é, se não restam nela, ainda, parcelas espúrias que, mais tarde ou mais cedo, por qualquer modo se desligarão também.
SARAMAGO. José. A jangada de pedra. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. p. 139.
Assinale a alternativa que NÃO apresenta um tema relacionado ao fragmento acima e à obra em sua totalidade.
a) Sentimento de não-pertencimento
b) Adoção de atitudes individualistas
c) Confronto com o desconhecido
d) Crítica ao conformismo e à alienação
e) Extrapolação entre o real e o imaginário
GABARITO
01 - D
02 - C
03 - B
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