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sábado, 17 de julho de 2021

Questão de Sociologia - UFU/2019 - Para Gohn (2011), os movimentos sociais devem ser entendidos como ações sociais

Para Gohn (2011), os movimentos sociais devem ser entendidos como ações sociais coletivas de caráter sociopolítico e cultural que motivam modificações e alterações nas diferentes formas de organização de uma população. Blumer (2017), por sua vez, corrobora o entendimento de Gohn, acrescentando que os movimentos sociais são agentes de alterações, mas não somente um produto dessas. 
(GOHN, M.G. Teorias dos movimentos sociais. Paradigmas clássicos e contemporâneos. 9 ed. São Paulo: Loyola, 2011. BLUMER, H.; GIDDENS A. &. SUTTON W. P. Conceitos essenciais da Sociologia. 2 ed. São Paulo: Editora Unesp, 2017.) 

a) Discorra sobre a importância dos movimentos feministas para o Brasil atualmente e comente três importantes reivindicações ou bandeiras desses movimentos. 
b) Classicamente, observam-se três elementos que um movimento social, para ser estudado, deve ter: projeto, identidade e agente opositor. Comente o que são esses três elementos e como eles se articulam dentro dos movimentos feministas.

RESPOSTA:
a) Hoje, no Brasil, o movimento feminista é de suma importância na redefinição do papel social da mulher na sociedade. Dessa maneira, temos, por meio de denúncias a respeito das diversas formas de violência (física, simbólica, econômica, psicológica) sofridas por esse gênero, a colaboração direta para a desconstrução de vários tipos de preconceitos (misoginia, sexismo), assédios e intolerância que circundam a condição da mulher na sociedade atual. Consequentemente, suas bandeiras, como a isonomia salarial, a luta contra o feminicídio, a denúncia de um machismo relacionado com fatores históricos como o patriarcado, a maior inserção na esfera política legislativa e executiva, o direito ao aborto, dentre outras demandas, colaboram diretamente para a construção de uma sociedade mais democrática. 

b) O projeto corresponde à forma de atuação do movimento, seus anseios, como conquistar seus objetivos, podendo ir da luta pela mudança de alguma condição social até a permanência de direitos que possam ser vilipendiados. Já a identidade, essa é construída pela condição a que os indivíduos estão envolvidos e submetidos (gênero e etnia, por exemplo), produzindo valores, crenças e expectativas, que levam aqueles que estão inseridos no movimento social a compartilharem uma visão de mundo criando um elo, um vínculo entre eles. Por sua vez, o agente opositor se refere ao oponente, ao obstáculo enfrentado pelo movimento social. Presente na dinâmica contraditória das relações sociais, o antagonismo é o motor da mobilização em torno de interesses colidentes entre os mais variados atores sociais, como a burguesia versus operários, mulheres diante de homens e negros perante brancos (dentre outras oposições). No movimento feminista, o projeto é a redefinição do lugar da mulher na sociedade, via mobilização e criação de grupos de debates, de lutas pela desconstrução de comportamentos e pela denúncia da profunda desigualdade de gênero existente, buscando produzir uma mudança no machismo estrutural historicamente construído e amplamente arraigado nas condutas cotidianas. Quanto à identidade presente no movimento feminista, temos a condição de gênero, em que as mulheres sofrem com a inferiorização delineada pelo machismo. No entanto, não podemos generalizar ou universalizar essa condição, já que esse é um movimento heterogêneo, dialogando, por exemplo, com a questão de classe (mulheres pobres e mulheres ricas) e com os elementos étnicos (mulher branca e mulher negra). Desse modo, temos diversos matizes ideológicos orientando o movimento feminista, de mulheres punks anarquistas até mulheres liberais, o que leva à aclamação pela sororidade para o fortalecimento das suas lutas. Nesse sentido, o agente opositor desse movimento é o machismo incrustado no tecido social, que leva à reprodução de uma desigualdade de gênero perversamente violenta e desumana.

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