Não há, no Botafogo de Futebol e Regatas, camisa mais importante do que a de número 7. Ainda que haja uma corrente que considere a mística da camisa 7 a partir de Garrincha, a história começou a ser construída em 1948, envergada pelo atacante Paraguaio. O jogador foi um dos grandes responsáveis pelo título carioca daquele ano, conquistado após uma vitória sobre o Expresso da Vitória vascaíno.
Na década de 60, a camisa vestiu o maior craque da história do clube e um dos maiores do futebol em todos os tempos: Manuel Francisco dos Santos, ou simplesmente Garrincha. Mané, como também era conhecido, encantava até mesmo torcedores adversários. Não era raro ver torcedores rivais inebriados com os dribles desconcertantes do Anjo das Pernas Tortas. Pelo Botafogo, Garrincha conquistou inúmeros títulos, entre os quais, há de se destacar o Campeonato Carioca de 1962, quando marcou por duas vezes, garantindo o título sobre o maior rival, Flamengo. Já pela Seleção Brasileira, Mané foi campeão em 1958 e 62, sendo neste responsável direto pela conquista, uma vez que Pelé, por conta de uma contusão logo no início da competição, não atuaria mais na Copa. Nas quartas-de-final, após marcar por duas vezes e decretar a vitória sobre a Inglaterra, os jornais ingleses se renderam e decretaram: "Mané Garrincha é um extraterrestre". Em sua passagem pelo Glorioso, Garrincha marcou 249 gols em 579 jogos.
Desde então, a camisa sempre foi reservada ao jogador diferenciado do plantel alvinegro. Já na década de 70, o clube viu surgir uma grande safra de postulantes à honraria. Jairzinho, o Furacão da Copa de 70 e um dos grandes ídolos do Botafogo, marcou 189 gols pelo Alvinegro. Rogério também foi um dos atacantes que mantiveram viva a mística da camisa.
Apenas em 1989, após longo jejum de títulos, a camisa escolheu Maurício para ser mais um integrante da história alvinegra. Coube ao atacante decidir a partida contra o Flamengo e fazer ecoar pelo Maracanã o grito por tanto tempo contido, em um dos títulos mais importantes da centenária história do Botafogo.
Seis anos depois, Túlio Maravilha herdou a responsabilidade e a honra de envergar a camisa 7. E, com ela, sagrou-se artilheiro do Campeonato Brasileiro de 1995, conquistado pelo Botafogo.
A mística, que conta com milhares de devotos, é válida até hoje. A honraria, como se viu, é concedida a poucos. No entanto, esses poucos, quando devidamente escolhidos pela camisa, têm o sucesso garantido.
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