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sábado, 3 de dezembro de 2022

Questão de Literatura - UFU 2019/2 - Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista

UFU 2019/2 - Considero-me um realista, mas sou realista não à maneira naturalista — que falseia a vida — mas à maneira de nossa maravilhosa literatura popular, que transfigura a vida com a imaginação para ser fiel à vida. [...] O que eu procuro atingir, portanto, é, se não a verdade do mundo, a verdade de meu mundo, afinal inapreensível em sua totalidade, mas mesmo assim, ou por isso mesmo, tentador e belo [...] Assim, sem exageros que acabem a ilusão consentida do público, é melhor não apelar para as muletas do verismo nem esconder as traves da arquitetura teatral — sejam as do autor, as do encenador ou as dos atores, pois todos nós temos as nossas; assim o público, vendo que não pretendemos enganá-lo, que não queremos competir com a vida, aceita nossos andaimes de papel, madeira e cola e pode, graças a essa generosidade, participar de nossa maravilhosa realidade transfigurada. 
SUASSUNA, Ariano. O santo e a porca. 26 ed. Rio de Janeiro: José Olympio, 2012. p. 16-17. 

Sobre o texto acima, da “nota do autor” de O santo e a porca, e a peça em si, é correto afirmar que 
a) com o claro objetivo de retratar a vida como ela é no sertão, Suassuna investe em um teatro realista, que não “esconda as traves da arquitetura teatral”. 
b) Suassuna recusa “apelar para as muletas do verismo”, motivo pelo qual a peça contém elementos chamados “fantásticos”, como a porca falante. 
c) faz parte da “generosidade” do leitor aceitar momentos da trama pouco verossímeis, como o sumiço e a reaparição espontâneos da estátua de Santo Antônio. 
d) há momentos da peça, como os disfarces múltiplos dos personagens, que dependem da “ilusão consentida do público”.

RESPOSTA:
Letra D.

O depoimento de Suassuna revela que o teatro do autor se insere numa espécie de intervalo entre o realismo e a transfiguração. Desse modo, o autor retrata a realidade nordestina sem deixar de recorrer a expedientes da mais lavada farsa, usando e abusando de quiproquós e disfarces, quebrando propositalmente a verossimilhança e consentindo “ilusão ao público”. 

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