No final de março de 1964, civis e militares se uniram para derrubar o presidente João Goulart, dando um golpe de Estado, tramado dentro e fora do país. Entre uma data e outra, 1964 e 1985, o Brasil passou por um turbilhão de acontecimentos. A economia cresceu, alçando o país ao oitavo PIB mundial. Mas, igualmente, cresceram a desigualdade e a violência social, alimentadas em boa parte pela violência do Estado. A vida cultural passou por um processo de mercantilização, o que não impediu o florescimento de uma rica cultura crítica ao regime. Os movimentos sociais, vigiados e reprimidos, não desapareceram; tornaram-se mais diversos e complexos, expressão de uma sociedade que não ficou passiva diante do autoritarismo.
NAPOLITANO, Marcos. 1964: História do Regime Militar Brasileiro. São Paulo: Contexto, 2014, p. 7-8 (Adaptado)
No ano de 2014, foram intensos os debates e discussões públicas sobre os cinquenta anos do golpe militar, o qual deu início ao nosso último período ditatorial, que se estendeu até 1985. A respeito do processo político que levou ao golpe e a posterior ditadura,
A) cite dois aspectos da crise do governo João Goulart (1961-1964) que contribuíram para a sua queda.
B) aponte duas formas de contestação ao regime militar que confirmam a ideia, expressa na citação de Marcos Napolitano, de que a sociedade não foi impotente em relação ao poder ditatorial.
RESPOSTA:
a)
Dentre os aspectos da crise do governo de João Goulart que contribuíram para a sua
queda, podemos citar:
- Militares, setores da elite da sociedade civil e políticos de oposição construíram um discurso associando João Goulart aos países socialistas e ao comunismo internacional, o que ameaçaria a democracia brasileira;
- A crise econômica, com inflação elevada, gerou insatisfações populares de diferentes setores da sociedade;
- Aumento do número de greves e a aproximação de João Goulart às centrais sindicais e aos movimentos populares;
- Acusações feitas pelo alto escalão das Forças Armadas, responsabilizando o presidente por quebra da hierarquia militar;
- Oposição de vários setores da sociedade (empresários, latifundiários, políticos, parte da classe média) às Reformas de Base propostas pelo governo (reformas agrária, educacional, tributária, fiscal, urbana, habitacional);
- Forte oposição ao Plano Trienal elaborado pelo governo;
- Marcha da Família com Deus pela Liberdade.
b) Dentre as formas de contestação ao regime miliar que confirmam a ideia de que a
sociedade não foi impotente em relação ao poder ditatorial, podemos apontar:
- Os movimentos estudantis;
- As guerrilhas urbanas e rurais;
- A cultura de oposição (teatro, cinema, música);
- As greves no ABC paulista;
- A Passeata dos Cem Mil;
- Atuação de setores da igreja (Comunidades Eclesiais de Base – CEBs);
- A campanha das Diretas, Já;
- A oposição parlamentar moderada (MDB).
Nenhum comentário:
Postar um comentário