Não foram poucos, porém, aqueles que dispensaram até mesmo essa comprovação racional da fé. Foi o caso de religiosos que desprezavam a filosofia grega. Mas houve também aqueles que defenderam o conhecimento da filosofia grega, percebendo a possibilidade de utilizá-la como instrumento a serviço do cristianismo. Conciliando com a fé cristã, esse estudo permitiria à Igreja enfrentar os descrentes e derrotar os hereges, empregando as armas da argumentação lógica.
(COTRIM, Gilberto e FERNANDES, Mirna. Fundamentos de Filosofia. São Paulo: Saraiva, 2017, p. 241. Adaptado.)
a) Disserte sobre os motivos que levaram à rejeição da filosofia grega da parte dos primeiros cristãos.
b) Cite e explique, pelo menos um conceito filosófico grego que foi apropriado e reelaborado por Santo Agostinho.
RESPOSTA:
a) Tanto os denominados Padres Apostólicos quanto os Apologistas demonstraram uma desconfiança com relação à presença da filosofia
na religião. A frase que resulta das reflexões de Tertuliano, “Creio porque é absurdo”, deixa claro que esses teólogos consideravam
inadequado tentar racionalizar o ambiente religioso, marcado pela presença do mistério na relação do homem com o Divino. Além
disso, desde Paulo a compreensão é de que a razão é insuficiente para acessar os mistérios da fé.
b) O conceito de Ideia ou Forma, presente na filosofia de Platão, foi nitidamente assimilado e adaptado pelos teólogos cristãos. Em
Agostinho, como em Platão, o mundo é resultado da existência de Ideias que lhe são anteriores. Diferentemente de Platão, no entanto,
para quem as Ideias estavam no Plano Inteligível e foram usadas pelo Demiurgo para ordenar o Cosmos, Agostinho entende que as
Formas habitam em Deus desde sempre, que as utilizou no processo da criação.
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