UFU 2018/2 - Considere o trecho abaixo, extraído da Suma de Teologia de Tomás de Aquino (1224-1274), texto em que ele apresenta uma das célebres cinco vias pelas quais se pode provar a existência de Deus. "A quinta via é assumida a partir do governo das coisas. Vemos, com efeito, que aquilo que carece de inteligência, ou seja, os corpos naturais, opera em vista de um fim, o que se percebe pelo fato de sempre ou frequentemente operarem do mesmo modo a fim de atingir o que é o melhor. Daí fica claro que não é por acaso, e sim intencionalmente que atingem esse fim. Mas o que não tem inteligência não tende a um fim se não for dirigido por algo cognoscente e inteligente, assim como a flecha pelo arqueiro. Portanto, há algo inteligente pelo qual todas as coisas naturais são ordenadas a seu fim, e este dizemos que é Deus."
(AQUINO, Tomás de. Suma de Teologia, questão 2, artigo 3.)
a) Segundo Tomás de Aquino, a prova sobre a existência de Deus não é uma demonstração de fato (caso em que seria evidente), e sim uma prova a partir dos efeitos. Explique por que essa quinta via é uma prova a partir dos efeitos.
b) Descreva como Tomás de Aquino se utiliza da filosofia de Aristóteles na elaboração dessa prova.
RESPOSTA:
a) As provas da existência de Deus não podem ser realizadas nem dedutivamente, procedimento matemático, nem indutivamente,
procedimento científico. Assim, o que é realizado é a inferência, conclusão a partir de indícios, da necessidade da causa (Deus) a
partir dos seus efeitos (mundo). No caso da quinta via, percebe-se que no mundo seres que não possuem racionalidade realizam
movimentos ou atividades complexas voltadas a certos fins sem, evidentemente, conhecer os objetivos de suas ações. De tal fato
resulta a necessidade de uma inteligência geral que garanta que todos os seres do Universo cumpram suas complexas finalidades. Esse
ser é Deus. Assim sendo, é dos efeitos de no mundo coisas inanimadas ou irracionais cumprirem funções complexas que se conclui
pela existência de Deus.
b) Nessa via é perceptível a utilização, da parte de Tomás de Aquino, do aristotelismo, porque no centro da argumentação se encontra a
ideia de que todo ser possui uma finalidade, denominada pelo filósofo antigo de causa final, numa visão teleológica do Cosmos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário