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quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Carl Ritter

Carl Ritter nasceu em Quedlinburg, em 7 de agosto de 1779, e morreu em Berlim, em 28 de setembro de 1858. É considerado, juntamente com Alexander von Humboldt, um dos fundadores da Geografia moderna. Pertenceu a uma família burguesa de funcionários intelectuais. Sua mãe era filha de tecelão. Apesar dessa  origem social, como será visto, Ritter aproxima-se e trabalha com a aristocracia, tornando-se defensor do regime monárquico. Com a morte de seu pai, sua mãe se casa com um pastor, e o peso do ambiente familiar na formação de Ritter pode ser avaliado pela profunda influência religiosa em seu pensamento.

A formação escolar de Ritter inicia-se no colégio de Schnepfenthal. Em 1796, ingressa na Universidade de Halle, onde estuda Moral, Física, Química, Estatística e História. Em 1807, Ritter viaja para a Suíça, onde conhece Pestalozzi. A influência desse autor será central no pensamento ritteriano. 

Ainda em 1807, retorna a Frankfurt, onde é nomeado professor de Geografia e História do ginásio local. Nessa cidade, trava contato pessoal, pela primeira vez, com Humboldt. Nesse momento, estuda a filosofia grega, lendo com afinco as obras de Sócrates e Platão.

Em 1812, é nomeado professor na Universidade de Gotingen, onde ministra cursos de Botânica, Mineralogia e Geognosia. Aproveita esse período para elaborar o material da Geografia geral comparada (sua principal obra, de 1822), passando boa parte do tempo na biblioteca da universidade. 

Em 1815, a primeira versão dessa sua obra principal está pronta. O primeiro volume, contendo a introdução teórico-metodológica, vem a público em 1817; o segundo sai no ano seguinte. Em 1819, Ritter retorna ao ginásio de Frankfurt e, nesse mesmo ano, casa-se com Lili Kramer. Em 1820, torna-se professor da Escola Militar de Berlim e, logo após, da universidade dessa cidade prussiana, onde ele será o primeiro professor da recém-criada cátedra de Geografia, cargo que ficará vago por falta de profissionais da área, durante alguns anos após a sua morte. 

Em 1822, é editado o primeiro volume da versão definitiva da Geografia Geral Comparada, sua principal obra, na qual Ritter trabalhou até o fim de seus dias. Nesse mesmo ano, é nomeado membro da Academia de Ciências da Prússia; três anos depois, chega ao ápice da carreira universitária alemã, tornando-se professor titular da Universidade de Berlim.

O primeiro dado a se destacar na avaliação da atividade docente de Ritter é a amplitude de seu quadro de alunos, tanto no que tange às nacionalidades, quanto no que toca aos posicionamentos políticos. Em ambos os casos, o que impera é uma enorme diversidade. Assim, mesmo não mantendo uma linha de continuidade de seu pensamento geográfico, alcança com seus cursos uma ampla gama de interessados. Um exemplo interessante: Ritter contou, entre seus alunos, com a presença de Karl Marx, que, na época, era estudante da Universidade de Berlim.  

Ritter, inspirando-se na filosofia de Schelling, considerava as diferentes partes do mundo organismos vivos, mesmo sendo profundamente idealista pela sua concepção geral de mundo e de história, nas quais via a expressão da vontade divina. Ele resgata as linhas de uma concepção materialista do mundo pela correlação que estabelece entre a evolução humana e o meio natural. Podemos pensar que seus cursos tiveram influências sobre K. Marx no movimento que levou o idealismo hegeliano ao materialismo histórico.
 
A amplitude do trabalho didático de Ritter é bem evidenciada pela constatação de Nicolas-Obadia: As três ideologias saídas do século XIX – o imperialismo, o anarquismo e o comunismo – foram todas infl uenciadas em diferentes graus por Carl Ritter, que ensina na Universidade de Berlim por cerca de quarenta anos.

Em 1840, Ritter perde a esposa, ficando sozinho por não ter filhos. Nesse período, sua relação com Humboldt se estreita. As revoluções de 1848 deixam-no profundamente abalado, assim como a renúncia, por perturbação mental, de seu amigo, o monarca Frederico Guilherme IV. Em 1859, alguns meses depois de Humboldt, Ritter falece em Berlim.

Carl Ritter.

Toda a sua produção enquadra-se explicitamente no âmbito da Geografia. Nessa disciplina, destacam-se o trabalho de ordenamento das informações e as colocações normativas de método, isto é, sua produção sistematizou a Geografia, dando um caráter científico. Sua principal obra foi, sem dúvida, a Geografia geral comparada, que traz por subtítulo A ciência da Terra em suas relações com a natureza e a história do homem ou Geografia geral comparada como base para os estudos e o ensino das ciências físicas e históricas. E é também, nessa obra, que se pode encontrar a maturidade e a identidade inovadora da proposta ritteriana.

Referências:
História do pensamento geográfico. V. único / Inês Aguiar de Freitas... [et al] – Rio de Janeiro: CECIERJ, 2014.

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