UNICAMP 2017 - Além de escrever Dom Quixote das crianças, Monteiro Lobato também leva o “cavaleiro errante” para o Sítio do Pica-Pau Amarelo.
Lá na varanda Dom Quixote conversava com Dona Benta sobre as aventuras, e muito admirado ficou de saber que sua história andava a correr mundo; escrita por um tal de Cervantes. Nem quis acreditar; foi preciso que Narizinho lhe trouxesse a edição de luxo ilustrada por Gustavo Doré. O fidalgo folheou o livro muito atento às gravuras, que achou ótimas, porém falsas.
— Isso não passa duma mistificação! – protestou ele. – Esta cena aqui, por exemplo. Está errada. Eu não espetei este frade, como o desenhista pintou - espetei aquele lá.
— Isto é inevitável – disse Dona Benta. – Os historiadores costumam arranjar os fatos do modo mais cômodo para eles; por isto a História não passa de histórias.
(Adaptado de Monteiro Lobato, O Pica pau Amarelo. São Paulo: Brasiliense, 2004, p. 18.)
Na cena narrada,
a) Dona Benta mostra a Dom Quixote que a história dele não é, de forma alguma, uma mistificação.
b) Dona Benta convence Dom Quixote de que as gravuras não refletem a História dos fatos.
c) Dona Benta concorda com Dom Quixote e critica o fato de a História ser fruto de interesses.
d) Dona Benta opõe-se a Dom Quixote e critica a forma como a história dele é narrada nos livros.
RESPOSTA:
Letra C.
Dona Benta concorda com Dom Quixote, que acredita
ser “mistificação” a obra que Cervantes escreveu
sobre o herói. Ela lhe explica que a História, relato
verdadeiro dos fatos, não dispensa a “mistificação”,
ou seja, a “história” em letra minúscula, que se refere
ao relato inventado em favor dos que têm interesse na
adulteração dos fatos.
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