UNICAMP 2011 - Leia a passagem seguinte, de Capitães da areia:
Pedro Bala olhou mais uma vez os homens que nas docas carregavam fardos para o navio holandês. Nas largas costas negras e mestiças brilhavam gotas de suor. Os pescoços musculosos iam curvados sob os fardos. E os guindastes rodavam ruidosamente. Um dia iria fazer uma greve como seu pai... Lutar pelo direito... Um dia um homem assim como João de Adão poderia contar a outros meninos na porta das docas a sua história, como contavam a de seu pai. Seus olhos tinham um intenso brilho na noite recém-chegada.
(Jorge Amado, Capitães da areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008, p. 88.)
a) Que consequências a descoberta de sua verdadeira origem tem para a personagem de Pedro Bala?
b) Em que medida o trecho acima pode definir o contexto literário em que foi escrito o romance de Jorge Amado?
RESPOSTA:
a) Pedro Bala, ao descobrir sua verdadeira origem,
ganha a consciência política que, mais tarde, o
levará ao ativismo contra a sociedade de classes.
No trecho transcrito, aponta-se a gênese da transformação do menor delinquente em agente da
revolução: “Um dia iria fazer uma greve como seu
pai ... Lutar pelo direito...”
b) O fragmento capta a reflexão de Pedro Bala sobre
a exploração do trabalho e a necessidade da luta
operária. Esse trecho liga-se ao contexto literário
do romance neorrealista da Segunda Geração
Modernista (1930-1945). Esse tipo de narrativa
tematiza a injustiça social e a exploração do
trabalhador, tendo como foco a região nordestina.
Autores como Graciliano Ramos, Jorge Amado e
José Américo de Almeida produziram narrativas
voltadas para a denúncia de mazelas sociais.
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