Unaerp 2017/2 - Baleia, imóvel, paciente, olhava os carvões e esperava que a família se recolhesse. Enfastiava-a o barulho que Fabiano fazia. No campo, seguindo uma rês, se esgoelava demais. Natural. Mas ali, a beira do fogo, para que tanto grito? Fabiano estava-se cansando à toa. Baleia se enjoava, cochilava e não podia dormir. Sinha Vitória devia retirar os carvões e a cinza, varrer o chão, deitarse na cama de varas com Fabiano. Os meninos se arrumariam na esteira, por baixo do caritó, na sala. Era bom que a deixassem em paz. O dia todo espiava os movimentos das pessoas, tentando adivinhar coisas incompreensíveis. Agora precisava dormir, livrar-se das pulgas e daquela vigilância a que a tinham habituado. Varrido o chão com vassourinha, escorregaria entre as pedras, enroscarse-ia, adormeceria no calor, sentindo o cheiro das cabras molhadas e ouvindo rumores desconhecidos, o tique-taque das pingueiras, a cantiga dos sapos, o sopro do rio cheio. Bichos miúdos e sem dono iriam visitá-la. Graciliano Ramos, Vidas secas.
O trecho citado revela a visão do ambiente, em que transcorre a ação, do ponto de vista da cachorra Baleia. O processo de enfocar um animal, tornado personagem integrante da narrativa, descrevendo seu fluxo de consciência, suas impressões e desejos é chamado
a) reificação.
b) reiteração.
c) bestialização.
d) humanização.
e) animalização.
RESPOSTA:
Letra D.
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