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quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Questão de Literatura - UFRGS 2022 - Assinale a alternativa correta em relação ao romance Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo

UFRGS 2022 - Assinale a alternativa correta em relação ao romance Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo 
I - A narrativa compõe-se de uma mescla de gêneros, entre diário, biografia, crônica e ensaio, ilustrada com fotografias da escritora e da cidade onde nasceu, misturando memórias pessoais e coletivas da colonização portuguesa na África. 
II - A autora faz um acerto de contas com o passado colonial português, colocando em cena a figura do pai, que trabalha para o desenvolvimento da cidade de Lourenço Marques e luta contra a exploração e a falta de direitos da população negra. 
III- Os episódios narrados contrapõem-se às versões oficiais da colonização portuguesa na África, que silenciam a respeito da realidade de violência, segregação e exclusão da população negra local. 
Quais estão corretas? 
a) Apenas I. 
b) Apenas II. 
c) Apenas III. 
d) Apenas I e III. 
e) I, II e III.

RESPOSTA:
Letra D.

A primeira afirmação está correta ao apontar peculiaridades sobre sua estrutura. Caderno de memórias coloniais possui uma difícil catalogação quanto ao seu formato, posto que mescla memória, diário, biografia, crônica e ensaio. É um romance autobiográfico conforme afirma a escritora. Essa narrativa híbrida é dividida em cinquenta e um capítulos – dependendo da edição - relativamente curtos e, por vezes, entrecortada por fotografias que registram sua infância em Lourenço Marques/ Maputo, Moçambique. 
A segunda assertiva está errada ao afirmar que o pai de Isabela Figueiredo “luta contra a exploração e a falta de direitos da população negra”. O pai de Isabela se mostra violento, opressor, autoritário, racista e simpático ao fascismo de Salazar e de seus apoiadores. A desconstrução da “verdade” do pai articula a desconstrução histórica da presença imperialista de Portugal em Moçambique.

A terceira afirmação está correta à medida que localiza a crítica corajosa da autora ao núcleo seminal de sua obra: a denúncia revisionista acerca do violento processo de descolonização de Moçambique, assim como os dramas dos “assimilados” moçambicanos e dos “retornados” portugueses.

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