UFRGS 2022 - Assinale a alternativa correta em relação ao romance Caderno de memórias coloniais, de Isabela Figueiredo
I - A narrativa compõe-se de uma mescla de gêneros, entre diário, biografia, crônica e ensaio, ilustrada com fotografias da escritora e da cidade onde nasceu, misturando memórias pessoais e coletivas da colonização portuguesa na África.
II - A autora faz um acerto de contas com o passado colonial português, colocando em cena a figura do pai, que trabalha para o desenvolvimento da cidade de Lourenço Marques e luta contra a exploração e a falta de direitos da população negra.
III- Os episódios narrados contrapõem-se às versões oficiais da colonização portuguesa na África, que silenciam a respeito da realidade de violência, segregação e exclusão da população negra local.
Quais estão corretas?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas III.
d) Apenas I e III.
e) I, II e III.
RESPOSTA:
Letra D.
A primeira afirmação está correta ao apontar peculiaridades sobre sua estrutura.
Caderno de memórias coloniais possui uma difícil catalogação quanto ao seu formato, posto
que mescla memória, diário, biografia, crônica e ensaio. É um romance autobiográfico
conforme afirma a escritora. Essa narrativa híbrida é dividida em cinquenta e um capítulos –
dependendo da edição - relativamente curtos e, por vezes, entrecortada por fotografias que
registram sua infância em Lourenço Marques/ Maputo, Moçambique.
A segunda assertiva está errada ao afirmar que o pai de Isabela Figueiredo “luta
contra a exploração e a falta de direitos da população negra”. O pai de Isabela se mostra
violento, opressor, autoritário, racista e simpático ao fascismo de Salazar e de seus apoiadores.
A desconstrução da “verdade” do pai articula a desconstrução histórica da presença
imperialista de Portugal em Moçambique.
A terceira afirmação está correta à medida que localiza a crítica corajosa da autora ao
núcleo seminal de sua obra: a denúncia revisionista acerca do violento processo de
descolonização de Moçambique, assim como os dramas dos “assimilados” moçambicanos e
dos “retornados” portugueses.
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