De acordo com Kant, filósofo alemão que viveu entre 1724 e 1804, “Nenhum conhecimento em nós precede a experiência e todo conhecimento começa com ela. Mas, embora todo o nosso conhecimento comece com a experiência, nem por isso todo ele se origina da experiência. Pois poderia bem acontecer que mesmo o nosso conhecimento de experiência seja um composto daquilo que recebemos por impressões e daquilo que nossa própria faculdade de conhecimento fornece de si mesma (...) Tais conhecimentos denominam-se a priori e distinguemse dos empíricos, que possuem suas fontes a posteriori, ou seja, na experiência.”
(KANT. Immanuel. Crítica da Razão Pura. “Introdução”, São Paulo: Abril Cultural, 1980, coleção Os Pensadores. Adaptado.)
Já Hume, filósofo escocês que viveu entre 1713 e 1784, cuja obra despertara o maior interesse em Kant, por sua vez escrevera "O hábito é, pois, o grande guia da vida humana. É aquele princípio único que faz com que nossa experiência nos seja útil e nos leve a esperar, no futuro, uma sequência de acontecimentos semelhantes aos que se verificaram no passado. Sem a ação do hábito, ignoraríamos completamente toda questão de fato além do que está imediatamente presente à memória ou aos sentidos.”
(HUME. David. Investigação sobre o entendimento humano, Seção IV, Parte II, 36. São Paulo: Abril Cultural, coleção Os Pensadores.)
Comparando-se os trechos dos escritos desses dois pensadores, explique
a) o que é o ceticismo de Hume.
b) de que maneira cada um desses filósofos considera a experiência dos sentidos.
RESPOSTA:
a) Para o filósofo escocês David Hume, nossa mente opera a elaboração do conhecimento por meio da associação de ideias que são,
em última instância, derivadas de impressões. Desse modo, produzimos conhecimento indutivamente. É em função disso que o filósofo
é cético ou crítico com relação à crença, comum no século XVIII, de que a filosofia ou a ciência poderia produzir conhecimento
definitivo e seguro sobre a realidade. Na visão do autor, toda crença na previsibilidade das relações futuras decorre do hábito,
produto da frequência de ocorrência dos eventos no nosso cotidiano.
b) Para David Hume, a experiência sensorial consiste na captação do objeto a partir dos nossos órgãos sensoriais e, em seguida, da
formação de cópias mentais dessas apreensões, denominadas de ideias. Para Kant, a experiência consiste em um composto, formado
parte por aquilo que o objeto de sensação fornece e parte do que a nossa mente fornece de si mesma, que são as formas do espaço e
do tempo, inseridas pela nossa sensibilidade na formação das intuições.
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