Pesquisa aponta aumento da parcela da população que considera haver possibilidade de regime ditatorial. Entre eleitores de Haddad, 75% têm tal percepção, enquanto maioria dos apoiadores de Bolsonaro descarta hipótese.
Pichação contra o comunismo durante a ditadura militar, em foto de 1968. |
Uma pesquisa do instituto Datafolha divulgada nesta sexta-feira (19/10) aponta que 50% dos brasileiros acreditam haver a possibilidade de uma nova ditadura no país, um salto de 11 pontos percentuais em relação aos 39% que tinham tal visão em 2014.
Dos entrevistados que consideram uma nova ditadura possível, 31% avaliam que há muita chance de isso acontecer, e 19% que há um pouco de chance. Ao mesmo tempo, 42% do total acreditam não haver chance alguma de um novo regime ditatorial no Brasil, e 8% não opinaram.
As mulheres (55%) e os mais jovens (59%) são os que mais cogitam a instauração de uma nova ditadura, ante 45% dos homens e 47% dos mais velhos. Tal percepção também é maior entre os entrevistados menos instruídos (54%) e mais pobres (57%) do que entre os mais instruídos (43%) e os mais ricos (38%).
Segundo o Datafolha, 75% dos eleitores do candidato à Presidência Fernando Haddad (PT) acreditam haver chance de um novo governo ditatorial, enquanto entre os apoiadores de Jair Bolsonaro (PSL), 65% descartam tal possibilidade.
Defensor público da ditadura, Bolsonaro já deixou claro que não considera episódios como o Ato Institucional nº 5, a repressão e a tortura como aspectos negativos.
O legado da ditadura militar no Brasil (1964-1985) divide o eleitorado. A maioria dos entrevistados (51%) considera que o regime deixou mais realizações negativas que positivas no país. Para outros 32%, o saldo foi positivo, e 17% não opinaram.
O maior percentual de eleitores que veem o legado como mais positivo que negativo está na região Sul (41%), e o Nordeste é a região onde mais eleitores (58%) consideram que a ditadura deixou mais realizações negativas do que positivas.
O Datafolha também ouviu os entrevistados quanto a ações que o governo poderia tomar, e verificou que uma maioria da população permanece contra ações antidemocráticas, apesar de ter aumentado o percentual de eleitores com visões linha dura.
Do total, 32% concordam com a prisão de suspeitos de crimes sem a autorização da Justiça, seis pontos a mais que em 2014, enquanto a maior parte (65%) discorda. A tortura de suspeitos para tentar obter confissões é apoiada por somente 16%, e desaprovada por 80% dos brasileiros – posições que se mantiveram estáveis desde 2014.
Quase três quartos (71%) se opõem ao direito do Executivo de fechar o Congresso Nacional, e 21% são a favor de tal prerrogativa. A maioria (61%) também não acredita que o governo deva ter o direito de proibir a existência de um partido, e 33% pensam o contrário.
Quanto à imprensa, a grande maioria (72%) é contra a censura de jornais, TVs e rádios, enquanto 23% são adeptos da medida. Em 2014, 80% eram contrários e somente 13% eram a favor. Já em relação às redes sociais, 52% consideram que o governo não deve controlar seu conteúdo, e 43% consideram tal possibilidade.
Além disso, 41% concordam com uma eventual intervenção em sindicatos, enquanto 51% discordam. Quase um quarto (24%) acha que o governo pode proibir greves, enquanto 72% discordam.
Para o levantamento, realizado entre 17 e 18 de outubro, o Datafolha fez 9.137 entrevistas presenciais com eleitores em 341 municípios de todas as regiões do país. A margem de erro é de 2 pontos percentuais, para mais ou para menos.
Fonte: DW Brasil.
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