Centenas de milhares de manifestantes saíram às ruas da capital alemã neste sábado, 13, para protestar contra o racismo e pedir uma sociedade mais solidária, tolerante e multicultural. O Mestre Moa do Katendê, assassinado na última segunda-feira em Salvador, foi homenageado.
Manifestação contra o racismo e o fascismo reúne 240 mil pessoas em Berlim, Alemanha, em 13 de outubro de 2018.Cristiane Ramalho/ RFI. |
Por Cristiane Ramalho, correspondente da RFI em Berlim
A marcha foi convocada por diversos setores da sociedade, e reuniu mais de 240 mil pessoas – seis vezes acima do esperado – segundo os organizadores.
Com cartazes coloridos, os manifestantes – entre eles, muitas crianças – fizeram uma longa marcha com palavras de ordem e protestos contra o racismo, a extrema-direita, a homofobia e a islamofobia. O presidente americano Donald Trump também foi alvo de críticas.
Na Alemanha, a preocupação com a extrema-direita - que chegou ao Parlamento pela primeira vez no ano passado, com o partido AfD -, vem crescendo. O temor ganhou mais fôlego depois dos recentes ataques xenófobos, em Chemnitz, na Saxônia, no leste do país.
A marcha foi convocada por uma aliança batizada de "Unteilbar" ('Inseparável'), que reúne ONGs de direitos humanos e ambientais, sindicatos, escolas e associações religiosas e antifascistas, além de partidos políticos. Na convocação, os organizadores pediam que a sociedade alemã lute contra a discriminação, a pobreza, o racismo, o sexismo e o nacionalismo.
Mestre de capoeira homenageado
O mestre de capoeira Romualdo Rosário da Costa, o Moa do Katendê, morto na última segunda-feira, 8, em Salvador (BA), foi homenageado por grupos de capoeiristas que reúnem brasileiros e alemães em Berlim.
Eles fizeram uma roda de capoeira em memória de Moa, assassinado durante uma discussão sobre política por um homem que defendia o apoio ao candidato do PSL à presidência, Jair Bolsonaro.
“O candidato é homofóbico, racista, sexista, e a favor da tortura e da pena de morte. Queremos mandar um sinal a favor da Democracia”, diziam os organizadores na convocação, feita pelo Facebook.
Tamera Vinhas, uma vendedora carioca que participou da homenagem, disse à RfI: “O mínimo que a gente pode fazer é gritar aqui em Berlim, porque essa notícia deixou todo mundo abalado. A gente segue resistindo, porque a capoeira é isso também. É resistência”. Para a carioca, a Democracia brasileira “corre risco” caso o candidato seja eleito. “Ele apóia todos os preconceitos que a gente tenta combater no Brasil”.
Ao longo da marcha, houve protestos isolados contra o candidato, com grupos de manifestantes gritando “Ele Não” – slogan do movimento das mulheres contra Jair Bolsonaro.
A professora alemã Astrid Ballandat, que carregava um cartaz com os dizeres “Frauen gegen Bolsonaro und anderen Faschisten” (Mulheres contra Bolsonaro e outros fascistas), disse à RFI que o que ela leu sobre o candidato é pior do que tudo o que já ouviu “nos últimos 50 anos” em termos de radicalismo de extrema-direita. “É pior do que Donald Trump. Por isso estamos aqui, pela diversidade e pela Democracia”.
Os organizadores da manifestação – que se beneficiou de um raro dia de outono de sol, e calor em torno dos 23 graus – querem mandar um sinal claro de resistência contra “uma mudança política dramática que está em curso, aonde racismo e discriminação estão se tornando socialmente aceitáveis”.
Eles pedem ainda que o direito de asilo dos refugiados seja respeitado na Europa – “hoje dominada por uma atmosfera de antagonismo nacionalista e exclusão”.
O ministro do Exterior alemão, Heiko Mass, elogiou o protesto. "Não nos deixaremos dividir, muito menos pelos populistas de direita", disse. A manifestação começou ao meio-dia, no Alexanderplatz, no centro de Berlim, e só terminou no início da noite, na Coluna da Vitória, nas proximidades do Portão de Brandemburgo.
Fonte: RFI Brasil.
Fonte: RFI Brasil.
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