ENEM PPL 2009 - Linhas tortas
Há uma literatura antipática e insincera que só usa expressões corretas, só se ocupa de coisas agradáveis, não se molha em dias de inverno e por isso ignora que há pessoas que não podem comprar capas de borracha. Quando a chuva aparece, essa literatura fica em casa, bem aquecida, com as portas fechadas. [...] Acha que tudo está direito, que o Brasil é um mundo e que somos felizes. [...] Ora, não é verdade que tudo vá tão bem [...]. Nos algodoais e nos canaviais do Nordeste, nas plantações de cacau e de café, nas cidadezinhas decadentes do interior, nas fábricas, nas casas de cômodos, nos prostíbulos, há milhões de criaturas que andam aperreadas. [...] Os escritores atuais foram estudar o subúrbio, a fábrica, o engenho, a prisão da roça, o colégio do professor mambembe. Para isso resignaram–se a abandonar o asfalto e o café, [...] tiveram a coragem de falar errado como toda gente, sem dicionário, sem gramáticas, sem manual de retórica. Ouviram gritos, palavrões e meteram tudo nos livros que escreveram.
RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. 8.ª ed. São Paulo: Record, 1980, p. 92/3.
O ponto de vista defendido por Graciliano Ramos
a) critica posturas de escritores que usam tudo em seus livros: palavrões, palavras erradas e gritos.
b) denuncia as mentiras que os escritores atuais construíram ao fazer um ufanismo vazio das culturas nacionais e estrangeiras.
c) valoriza uma literatura que resgate os aspectos psicológico, simbólico e imaginário dos personagens nacionais.
d) reconhece o perigo de se construir uma literatura engajada que busque na realidade social sua inspiração e seu estímulo.
e) reconhece a importância de uma literatura que resgate nossa realidade social, que reforce a memória e a identidade nacionais.
RESPOSTA:
Letra E.
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