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terça-feira, 13 de setembro de 2022

Exercícios de Literatura sobre Sagarana, de Guimarães Rosa - com gabarito

Questão 01 - ITA 2020 - Com base no texto destacado, assinale a alternativa que apresenta corretamente duas características do protagonista. E, ao sair, Nhô Augusto se ajoelhou, no meio da estrada, abriu os braços em cruz, e jurou: —Eu vou p'ra o céu, e vou mesmo, por bem ou por mal! .... E a minha vez há de chegar ... P'ra o céu eu vou, nem que seja a porrete! ... [Sagarana, p. 307]. 
a) Ironia e brutalidade. 
b) Hipocrisia e falta de caráter. 
c) Competitividade e prudência. 
d) Determinação e generosidade. 
e) Obstinação e agressividade.

Questão 02 - ITA 2020 - No momento da morte de seu Joãozinho Bem-Bem, o narrador conta que “a turba começou a querer desfeitar o cadáver”, isto é, fazer desfeita, insultar e ofender o corpo, ao que Nhô Augusto responde energicamente: “—Para com essa matinada, cambada de gente herege! (...) E depois enterrem direitinho o corpo, com muito respeito e em chão sagrado, que esse aí é o meu parente seu Joãozinho Bem-Bem? [Sagarana, p. 332]. Por essa fala, é possível entender que o título do conto alude 
a) à perversidade ligada à afabilidade do protagonista. 
b) à incapacidade e à falta de iniciativa de seu Joãozinho Bem-Bem. 
c) ao momento da morte que revela o acovardamento do protagonista. 
d) à hora da morte e à oportunidade de regeneração do protagonista. 
e) à hora da vingança da família do protagonista.

Questão 03 - ENEM PPL 2016 - Naquele tempo eu morava no Calango-Frito e não acreditava em feiticeiros. E o contrassenso mais avultava, porque, já então, - e excluída quanta coisa-e-sousa de nós todos lá, e outras cismas corriqueiras tais: sal derramado; padre viajando com a gente no trem; não falar em raio: quando muito, e se o tempo está bom "faísca"· nem dizer lepra" só o "mal"· passo de entrada com o pé' esquerdo; ave do pescoço pelado; risada renga de suindara; cachorro, bode e galo, pretos; [...] - porque, já então, como ia dizendo, eu poderia confessar, num recenseio aproximado: doze tabus de não uso próprio; oito regrinhas ortodoxas preventivas; vinte péssimos presságios; dezesseis casos de batida obrigatória na madeira; dez outros exigindo a figa digital napolitana, mas da legítima, ocultando bem a cabeça do polegar; e cinco ou seis indicações de ritual mais complicado; total: setenta e dois - noves fora, nada. 
ROSA, J. G. São Marcos. Sagarana. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967 (adaptado) 
João Guimarães Rosa, nesse fragmento de conto, resgata a cultura popular ao registrar 
a) trechos de cantigas. 
b) rituais de mandingas. 
c) citações de preceitos. 
d) cerimônias religiosas. 
e) exemplos de superstições.

Questão 04 - UNEMAT 2012/2 - Conversa de bois é um dos contos que integram a obra Sagarana. Do seu enredo como um todo, é correto afirmar que: 
a) a viagem toda é muito serena e tranquila e nada de extraordinário acontece com os bois ou com os carreiros. 
b) os bois, puxando o carro, fazem uma viagem que começa com o transporte de uma carga de rapadura e um defunto e termina com dois. 
c) nesse conto a objetividade de Guimarães Rosa é muito exercitada. Deixando de utilizar a linguagem poética, o autor é direto e seco na sua escrita. 
d) Buscapé, irmão de Tiãozinho, é uma das personagens fundamentais no desenrolar do conto. 
e) o defunto, que ia junto com as rapaduras, já estava ali há muito tempo e era pai de seu Agenor.

Questão 05 - FUVEST 2020 - Agora, o Manuel Fulô, este, sim! Um sujeito pingadinho, quase menino – “pepino que encorujou desde pequeno” – cara de bobo de fazenda, do segundo tipo –; porque toda fazenda tem o seu bobo, que é, ou um velhote baixote, de barba rara no queixo, ou um eterno rapazola, meio surdo, gago, glabro* e alvar**. Mas gostava de fechar a cara e roncar voz, todo enfarruscado, para mostrar brabeza, e só por descuido sorria, um sorriso manhoso de dono de hotel. E, em suas feições de caburé*** insalubre, amigavam‐se as marcas do sangue aimoré e do gálico herdado: cabelo preto, corrido, que boi lambeu; dentes de fio em meia‐lua; malares pontudos; lobo da orelha aderente; testa curta, fugidia; olhinhos de viés e nariz peba, mongol. 
Guimarães Rosa, “Corpo fechado”, de Sagarana. 
*sem pelos, sem barba **tolo ***mestiço 

O retrato de Manuel Fulô, tal como aparece no fragmento, permite afirmar que 
a) há clara antipatia do narrador para com a personagem, que por isso é caracterizada como “bobo de fazenda”. 
b) estão presentes traços de diferentes etnias, de modo a refletir a mescla de culturas própria ao estilo do livro. 
c) A expressão “caburé insalubre” denota o determinismo biológico que norteia o livro. 
d) é irônico o trecho “para mostrar brabeza”, pois ao fim da narrativa Manuel Fulô sofre derrota na luta física. 
e) se apontam em sua fisionomia os “olhinhos de viés” para caracterizar a personagem como ingênua.

Questão 06 - UFPR 2021 - A respeito da temática da violência nos contos de Sagarana, de Guimarães Rosa, assinale a alternativa correta. 
a) Em “Minha gente”, o narrador vai visitar o tio numa região rural e acaba testemunhando um assassinato a foice que tem motivação política, ligado ao envolvimento da família com a disputa eleitoral que está em curso na região. 
b) Em “Duelo”, a violência é um círculo vicioso, já que a mulher de Turíbio comete adultério com Cassiano, o que leva o marido a matar por engano o irmão do amante; a partir daí, Turíbio e Cassiano passam a se perseguir longamente e os dois acabam morrendo. 
c) Em “O burrinho pedrês”, um dos vaqueiros que saem de manhã para conduzir a boiada do fazendeiro Major Saulo até a cidade para embarcar no trem de carga planeja a morte de um companheiro por ciúme de uma moça, mas só executa o crime à noite, na volta para a fazenda. 
d) Em “A hora e vez de Augusto Matraga”, o protagonista é um homem violento que acaba ele próprio sendo vítima de uma tentativa de homicídio à qual sobrevive; esse acontecimento o leva a uma mudança radical e ele abre mão definitivamente de seu comportamento violento. 
e) Em “Corpo fechado”, citam-se casos de vários valentões de uma pequena cidade, mas o tom é de humor e a violência não é diretamente encenada, já que o personagem principal é um rapaz que não tem medo dos valentões, porque desde pequeno tem o corpo fechado por um feiticeiro.

Questão 07 - UFPR 2020 - Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa: 
Estremecem, amarelas, as flores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas, entrando em convulsões. – Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!... É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão. (GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.) 
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exemplifica um aspecto que está presente em todos os contos do mesmo livro. 
Assinale a alternativa que reconhece esse aspecto de forma adequada. 
a) A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a partir da ação direta de Deus. 
b) A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a aridez da natureza. 
c) A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região. 
d) A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como elemento tão reversível quanto a condição humana. 
e) São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da força física e da valentia.

Questão 08 - PUC-SP 2018 - Em cima das rapaduras, o defunto. Com os balanços, ele havia rolado para fora do esquife, e estava espichado, horrendo. O lenço de amarrar o queixo, atado no alto da cabeça, não tinha valido de nada: da boca, dessorava um mingau pardo, que ia babujando e empestando tudo. E um ror de moscas, encantadas com o carregamento duplamente precioso, tinham vindo também. O trecho acima integra um dos contos de Sagarana, obra de João Guimarães Rosa, publicada em 1946. Considerando o trecho indicado podemos afirmar que se trata de 
a) “Conversa de Bois”, que relata a viagem de uma comitiva em que os bois falam entre si, tramam o destino dos humanos, e é acompanhada por uma irara, curiosa dos acontecimentos da jornada. 
b) “O Burrinho Pedrez” que conta um episódio de catástrofes em que, em sua maioria, boiada e vaqueiros se afogam nas águas tempestuosas de um rio, ao tentarem fazer a sua travessia. 
c) “A Hora e a vez de Augusto Matraga”, que narra as vicissitudes de um fazendeiro valentão, vítima de um atentado que, após, marcado com ferro em brasa, é lançado num despenhadeiro. 
d) “Duelo”, cuja narrativa revela a perseguição mútua de dois homens com intenção assassina para a vingança de um crime passional.

Questão 09 - PUC-SP 2018 - De Sagarana, obra de J G Rosa NÃO É CORRETO afirmar que 
a) compõe-se de nove contos de tamanhos diferentes, inseridos todos já na matéria do sertão. 
b) apresenta linguagem da maturidade roseana, baseada na oralidade sertaneja, com aproveitamento de regionalismos e arcaísmos. 
c) recebeu o nome Sagarana, termo de origem puramente tupi e que indicia o rol de atos heroicos praticados por valentes guerreiros no combate às injustiças sociais e de fundo político. 
d) opera uma gama diversificada de enredos que envolvem personagens características do sertão de Minas Gerais.

Questão 10 - UFU 2013/2 - E, nas ilhas, penínsulas, istmos e cabos, multicrescem taboqueiras, tabuas, taquaris, taquaras, taquariúbas, taquaratingas e taquaraçus. Outras imbaúbas, mui tupis. E o buritizal: renques, aléias, arruados de buritis, que avançam pelo atoleiro, frondosos, flexuosos, abanando flabelos, espontando espiques; de todas as alturas e de todas as idades, famílias inteiras, muito unidas: buritis velhuscos, de palmas contorcionadas, buritis-senhoras, e, tocando ventarolas, buritis-meninos. 
ROSA, GUIMARÃES. São Marcos. In: Sagarana. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2001. p. 278. 
No trecho acima do conto “São Marcos”, de Guimarães Rosa, 
a) “mui tupis” é uma expressão arcaica da Língua portuguesa, usada no texto para demonstrar a influência da cultura indígena na região, o que será crucial no desenrolar da narrativa. 
b) o destaque ao buritizal se deve à importância que este tipo de vegetação adquire durante a narrativa, pois é nele que o narrador talhava versos para desafiar um repentista desconhecido. 
c) o uso do neologismo “multicrescem” sugere uma descrição ficcional da natureza brasileira, marca de toda obra rosiana, distante dos dados geográficos do sertão de Minas Gerais. 
d) a descrição do espaço ficcional é construída a partir de aproximações sonoras dos nomes das árvores, enfatizando suas ambiguidades e redefinindo de maneira poética a paisagem local.

Questão 11 - FUVEST 1991 - João Guimarães Rosa, em Sagarana, permite ao leitor observar que:
a) explora o folclórico do sertão.
b) em episódios muitas vezes palpitantes surpreende a realidade nos mais leves pormenores e trabalha a linguagem com esmero.
c) limita-se ao quadro do regionalismo brasileiro.
d) é muito sutil na apresentação do cotidiano banal do jagunço.
e) é intimista hermético.

Questão 12 - ITA 2007 - O conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, de Guimarães Rosa, faz parte do livro Sagarana, de 1946. Nesse texto, o personagem central vive aquilo que aparentemente é um processo de conversão cristã, que se inicia quando ele 
a) é socorrido por um casal pobre, após ele ter sido vítima de uma emboscada, na qual quase morreu. 
b) conversa com um padre, que lhe diz que o que aconteceu com ele foi um sinal de Deus para que ele desse outra direção a sua vida. 
c) vive cerca de sete anos no povoado do Tombador, levando uma vida de trabalho e de oração. 
d) resiste ao convite de Joãozinho Bem-Bem para entrar no bando de cangaceiros, tentação essa a que não foi fácil resistir. 
e) enfrenta, sozinho, o bando de Joãozinho Bem-Bem, que estava prestes a cometer uma atrocidade contra uma família de inocentes.

Questão 13 - FUVEST-SP - "O romance é narrado na primeira pessoa, em monólogo ininterrupto, por Riobaldo, velho fazendeiro do norte de Minas, antigo jagunço, que conta a sua vida e as suas angústias. Primeiro bandido, depois chefe de bando, a sua tarefa principal é vingar a morte do grande chefe Joca Ramiro, assassinado à traição. Para isso estabelece um pacto com o diabo, que não sabe se foi realmente feito, mas que depois o atormenta pelo resto da vida, numa dúvida insanável." (A. Candido & J. A. Castello) 
O autor do romance a que se refere o texto acima é também o de: 
a) Chapadão do Bugre. 
b) O garimpeiro. 
c) Vila dos confins. 
d) Sagarana. 
e) O coronel e o lobisomem

Questão 14 - FACASPER 2020 - Assinale a opção que identifica corretamente o excerto crítico relacionado a Sagarana, de João Guimarães Rosa: 
a) “A obra se caracteriza pela paixão de contar. O autor chega à condescendência excessiva para com ela, a ponto de quebrar a espinha das suas histórias a fim de dar relevo a narrativas secundárias, terciárias, cujo conjunto resulta mais importante do que a narrativa central. (...). Todos os meios e até a ampliação retórica são bons, desde que nos arrebatem da vida, transportando-nos para a vida mais intensa da arte”. (Antonio Candido). 
b) “Estonteado pela multiplicidade dos temas, a polifonia dos tons, o formigar dos caracteres, o fervilhar de motivos, o leitor naturalmente há de, no fim do volume, tentar uma classificação das narrativas. É provável que a ordem alfabética de sua colocação dentro do livro seja apenas um despistamento e que a sucessão delas obedeça a intenções ocultas”. (Paulo Rónai). 
c) “O internado pode ser o espaço onde o mal campeia; de tanto viver nesse espaço, aceitando as regras do jogo, e de um jogo tremendo que leva à morte e à danação, o sujeito como que transporta o espaço exterior para dentro de si. (...) Esse subconjunto de imagens (...) aparecem em historietas avulsas ao enredo, aparecem sob a forma de ideias gerais como o ditado e o adágio, aparecem na história de vida de personagens secundários, aparecem nos incidentes que compõem a trama do enredo, seja em discurso direto, seja em falar figurado”. (Walnice Nogueira Galvão). 
d) “Se há necessidade de classificação literária para a obra, não há dúvida de que se trata de uma epopeia. (...) A intercalação de episódios convergentes com a ação principal, mas de função adjuntiva, podendo adquirir independência formal, aparece frequentemente”. (Manuel Cavalcanti Proença). 
e) “A obra constitui, a nosso ver, a experiência estrutural mais arrojada de João Guimarães Rosa. O aspecto caótico daquelas páginas sugere imediatamente uma aproximação com James Joyce. (...) mas no caso presente, a descontinuidade narrativa é apenas aparente, não estando a serviço daquele propósito de simultaneidade tão indiscutível em Ulisses”. (Rui Mourão).

Questão 15 - FACASPER 2020 - Assinale a opção que identifica corretamente a forma narrativa de Sagarana, de João Guimarães Rosa (Todas as definições são do crítico literário Luiz Costa Lima): 
a) “Ocorre a libertação completa do anedótico que antes encompridava a narrativa”. 
b) “O anedótico sobre o qual assenta a narrativa é seguido com uma fidelidade constante. O seu conjunto é realmente um conjunto de contos”. 
c) “O autor não se contenta com a afirmação em linha reta e faz do seu mesmo descontentamento verbal a sua forma de riqueza. Ao contrário, elas se lançam adiante em um ritmo cumulativo”. 
d) “A palavra se confunde com uma pincelada solta, irregular, que menos visasse a distinguir as criaturas do seu contorno do que os apreender simultaneamente”. 
e) “A palavra caminha solta. Não tem que seguir os contornos do acontecimento”.

Questão 16 - FACASPER 2018 - Sobre o conto “A hora e vez de Augusto Matraga”, que integra Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar que 
a) no momento final, o protagonista vive sua áurea hora. Sem mais precisar fazer uso de sua identidade restaurada, ele atinge sua realização e consegue seu destino: ele vai-se embora do lugarejo, isto é, viaja para outro lugar. 
b) a tensão entre o bem e o mal encontra no conto um de seus momentos mais agudos. Na luta com o bando de jagunços do Major Consilva, escamoteada pelo sacrifício, volta a violência da qual queria se livrar Nhô Matraga. 
c) no momento da morte, o protagonista terá sua identidade revelada. E nesse momento, o narrador se refere a ela como Bem-Bem. Ele morre então nomeado e identificado ao próprio homem que matou. 
d) é pela violência que o protagonista realiza seu destino violento. Mas em coerência com o arcabouço religioso apresentado - a transformação de caráter, a penitência e a conversão –, essa violência pode receber um nome: sacrifício. 
e) a cena final tem ingredientes dramáticos: uma lei contra a outra – não há saída. Há a lei do talião (olho por olho, dente por dente), representada por Nhô Augusto convertido, e a lei do coração, ou lei cristã, representada por Joãozinho Bem-Bem.

Questão 17 - FACASPER 2018 - Sobre Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar: 
a) Em “O burrinho pedrês”, Lalino é um típico malandro que não aprecia o trabalho, apenas a boa vida. Abandona o serviço na estrada de ferro e vai, no lombo do animal que batiza o conto, para o Rio de Janeiro, largando sua mulher, Ritinha, na região. No retorno, a encontra casada com o espanhol Ramiro. Torna-se cabo eleitoral do Major Anacleto, que, graças a ele, ganha a eleição. Laio, como também é conhecido, reconcilia-se com sua mulher no fim do conto. 
b) “Corpo fechado” conta a história de dois primos, Ribeiro e Argemiro, contagiados pela malária que se espalhou pela região. Os dois estão solitários, já que parte da população morrera e os demais fugiram, entre os quais a mulher de Ribeiro, Luísa. Argemiro, percebendo a iminência da morte e desejando ter a consciência tranquila, confessa o interesse pela esposa do primo, que reage à confissão e expulsa o primo de suas terras. 
c) Em “A volta do marido pródigo”, Turíbio flagra sua mulher, Silvana, com o ex-militar Cassiano Gomes. Ao procurar vingar sua honra, confunde-se e acaba matando o irmão de Cassiano Gomes. Turíbio foge para o sertão e é perseguido pelo ex-militar. Cassiano adoece e, antes de morrer, ajuda um capiau chamado Vinte-e-um, que passava por dificuldades financeiras. Turíbio volta para casa e é surpreendido por Vinte-e-um, que o executa para vingar seu benfeitor. 
d) “Duelo” conta a visita de Emílio à fazenda de seu tio, candidato às eleições. Lá o jovem se apaixona por sua prima Maria Irma, mas não é correspondido. Ela se interessa por Ramiro, noivo de outra moça. Emílio finge-se enamorado de outra mulher. O plano falha, mas a prima apresenta-lhe sua futura esposa, Armanda. Maria Irma casa-se com Ramiro Gouveia. 
e) Em “São Marcos”, o narrador-personagem José é supersticioso, mas mesmo assim zomba dos feiticeiros do Calango-Frito, em especial de João Mangolô. O protagonista recita por zombaria uma oração para Aurísio Manquitola e é duramente repreendido por banalizar uma prece tão poderosa. Certo dia, fica subitamente cego e passa a se orientar por cheiros e ruídos. Perdido e desesperado, recita a oração. Guiando-se pela audição e pelo olfato, descobre o caminho certo: a cafua de João Mangolô. Lá, irado, tenta estrangular o feiticeiro e, ao retomar a visão, percebe que o negro havia colocado uma venda nos olhos de um retrato seu para vingar-se das constantes zombarias.

Questão 18 - FACASPER 2018 - Sobre Sagarana, de João Guimarães Rosa, é correto afirmar que: 
a) Trata-se de um conjunto de narrativas de apelo universal pelo alcance e pela coesão de que elas são feitas. Nelas a língua portuguesa, densa e vigorosa, atinge o ideal da expressão literária regionalista, sendo talhada no veio da linguagem popular e disciplinada dentro das tradições clássicas. 
b) Os temas que unem os contos são a alegria e o amor. O primeiro surge como uma forma de comunhão cósmica, não por certeza da transcendência, mas justamente por ignorá-la. Já o segundo é uma maneira de, simultaneamente, contrariar e reconhecer o mistério envolvente. 
c) As histórias compõem ao mesmo tempo uma profissão de fé e uma arte poética em que o narrador, através de rodeios, voltas e perífrases, por meio de alegorias e parábolas, analisa o seu gênero, o seu instrumento de expressão, a natureza da sua inspiração, a finalidade da sua arte, de toda arte. 
d) Há nos contos três elementos estruturais que lhe apoiam a composição: a terra, o homem e a luta. Uma obsessiva presença física do meio; uma sociedade cuja pauta e destino dependem dele; como resultado, o conflito entre os homens. 
e) O realismo mágico, tônica fundamental dessa obra de aspectos multiformes, faz com que o escritor transfigure os temas da vida cotidiana em símbolos que participam da fantasia e do mito. A combinação da realidade crua com a rapsódia sertaneja empresta à obra uma força singular dificilmente analisável.

GABARITO
01 - E
02 - D
03 - E
04 - B
05 - B
06 - B
07 - D
08 - A
09 - C
10 - D
11 - B
12 - B
13 - D
14 - A
15 - B
16 - D
17 - E
18 - A

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